Atendimento às pessoas idosas: não pode ser com qualquer um

Por Jose Anisio Pitico

A população com idade acima de 50 anos no Brasil corresponde, hoje, a 25% do total, aproximadamente 50 milhões de pessoas. E, a cada ano, entra na chamada “Terceira Idade” 1% de pessoas na estrutura etária total do nosso país. São números significativos, que, se lidos e interpretados com análise mais crítica, demonstram a rapidez do envelhecimento populacional de nossa gente. O que é uma realidade de todo o planeta. A longevidade humana constitui uma das principais conquistas, talvez a mais desejada, do século XXI. No caso brasileiro, essa realidade ainda não chegou ao gabinete dos gestores públicos, no sentido de promover providência e/ou atitude de governo na apresentação de políticas públicas na direção dos interesses e necessidades das pessoas idosas. Essa conquista – a de viver mais – ainda não despertou na esfera pública nacional a construção de medidas públicas que qualifiquem a vida das pessoas idosas, com dignidade, respeito e cidadania.

O país não está e nem vem se preparando para o seu envelhecimento. É certo que, com mais pessoas idosas no nosso cotidiano, se faz necessário rever a gestão da nossa vida pública (prioridades e metas) e, claro, a nossa vida pessoal. Uma nova sociedade será construída com a presença de mais idosos nos espaços sociais, na comunidade e nas famílias. Toda a nossa configuração social-política-econômica será impactada. Setores como educação, relações de consumo, prestação de serviços, relações de trabalho, mundo das corporações, entre outros, sofrerão, certamente, descontinuidade em suas rotinas rígidas e inflexíveis. E se não quiserem ser ultrapassadas pela disrupção tecnológica, cada vez mais atuante nas relações de trabalho, vigente pela indústria da robotização e automação, com outros paradigmas, esses setores e outros terão que incorporar a nova realidade do lugar das pessoas idosas ativamente na vida brasileira, fora da invisibilidade, que ainda se encontram e que, em breve, por forças das transformações econômicas mundiais, nacionais e locais, já em curso, serão autoras do seu destino. Porque eu acredito e percebo que as pessoas idosas(algumas) já se deram conta de que podem mais. De que o futuro pode ser e será um pouco mais extenso e mais largo, não só pela realidade de viver mais tempo, mas, principalmente, pela capacidade de correrem atrás de seus sonhos, e se reinventarem fazendo da curiosidade em aprender uma busca constante para dar sentido à vida.

Nesse sentido toma grande importância o papel das instituições de ensino superior na formação de recursos humanos, de novos profissionais que vão atuar, por exemplo, no campo da Gerontologia e da Geriatria. Precisamos recuperar esse atraso e essa negligência em não estimular a formação profissional para a realidade do mercado. O Brasil caminha a passos rápidos para o envelhecimento de sua população. Tomemos a realidade de Juiz de Fora: nossa cidade tem mais de 90 mil pessoas com idade de 60 anos em sua composição, Quantos geriatras e gerontólogos temos na gestão pública para atendê-los? Pouquíssimos. Como também são poucos para o atendimento privado, por convênios e consultas pagas. Entendo que, até por exigência mercadológica, nossas faculdades precisam adequar seus currículos ao novo momento histórico, que é o envelhecimento populacional. Essa nova e emergente demanda não pode mais ser secundarizada e deixada de ser vista e estudada para qualificar cientificamente a intervenção das profissionais e dos profissionais.

O envelhecimento diz respeito a toda cidade. Por isso sou cada vez mais favorável e entusiasta da realização de debates e eventos que estimulem a participação de mais pessoas para a aquisição de conhecimentos científicos sobre o envelhecimento. Uma pauta que se coloca imprescindível na cena contemporânea.

Fique atento, caro leitor e distinta leitora, e, desde já, sintam-se convidados para as atividades previstas para os próximos dias em nossa cidade sobre questões pertinentes ao nosso envelhecimento. Uma grande agenda vem por aí. Lembrando que 9 de maio é o Dia Municipal da Pessoa Idosa em Juiz de Fora. E, com ele, uma semana de eventos está programada para sensibilizar a nossa comunidade para um tratamento de mais respeito e de ações públicas e comunitárias para as pessoas idosas. Participem!

Jose Anisio Pitico

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontólogo. De Porciúncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar. Também é colaborador da Rádio CBN Juiz de Fora com a coluna Melhor Idade. Contato: (32) 98828-6941

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