Como JF está envelhecendo?

Por Jose Anisio Pitico

Um debate público, sério, precisa ser realizado na cidade sobre a realidade do envelhecimento de sua população. Se desejamos planejar o nosso futuro, tendo em vista a conquista de uma sociedade justa e menos desigual, temos que pensar e atuar sobre esse processo que envolve toda a estrutura social-econômica e política do nosso país e de nossas cidades. JF tem um número altamente expressivo de pessoas com a idade igual e maior de 60 anos em sua população – aproximadamente mais de cem mil pessoas. E essas pessoas idosas desejam ter uma cidade que atenda aos seus interesses, expectativas e necessidades. Convenhamos dizer, o que, na minha opinião, ainda falta muito nessa perspectiva de a cidade se comprometer com os pleitos próprios e específicos de quem envelhece e de quem já se encontra e vive aqui com os seus 60, 70, 80, 90 e até cem anos de idade.

O que falta para as pessoas idosas em JF? Falta a inauguração de uma nova mentalidade de educação para e com as pessoas idosas. Será que a nossa rede de educação pública – do ensino básico ao superior – vem colocando conteúdos temáticos sobre como é envelhecer na cidade? Falta também uma formação acadêmica em nossas instituições de ensino superior – faculdades públicas e particulares – que desenvolvam em seus currículos universitários disciplinas de geriatria e gerontologia aos novos e futuros profissionais.

Penso que a gestão pública municipal tem que liderar esse debate: convidar toda a cidade para debater o seu envelhecimento, e a partir desse momento, implementar novos e outros serviços de saúde e de apoio social para as pessoas idosas da cidade. A Câmara Municipal, através de sua importante Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, precisa ampliar seu campo de atuação e interlocução política dentro da própria casa, conversar e interagir com as outras, também importantes, comissões que lá existem. A produção legislativa de novas leis sobre o modo de vida das pessoas idosas precisa ser incrementada.

A natureza e a singularidade do envelhecimento das pessoas são muito diferentes e acontecem com distintas complexidades. Por isso, é urgente a criação de outros serviços para atender a essa gama muito diversificada de ações que o envelhecimento traz para toda a cidade. No mapa institucional da gestão é fundamental ter um expediente que pense e articule todas as estratégias de ações para o universo das pessoas idosas que vivem aqui.

O desafio é esse: como colocar essa agenda na pauta dos nossos representantes políticos? Precisamos ter cada vez mais envolvimento com a questão do envelhecimento. Como viver mais sem envelhecer? Não tem como! Mas como falar isso com quem dirige a nossa vida pública? Minha esperança é contar com a participação das pessoas idosas nos espaços de participação social, de fóruns como o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa; da Câmara Sênior; da própria Comissão da Câmara Municipal e de outros coletivos de participação popular.

A cidade envelhece no silêncio progressivo da indiferença social e pública. Até quando? A cidade precisa acordar. De que adianta a conquista do desejo de viver mais, sem ter a garantia da melhoria das condições de vida de todos nós que envelhecemos? A cidade vai continuar envelhecendo, mas precisa estar e agir diferente diante de sua população idosa, diante de si mesma. Um novo tempo está chegando.

Jose Anisio Pitico

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontólogo. De Porciúncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar. Também é colaborador da Rádio CBN Juiz de Fora com a coluna Melhor Idade. Contato: (32) 98828-6941

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