Gerontologia clínica: do que se trata?

Por Jose Anisio Pitico

A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer, de acordo com Arnaldo Antunes, poeta, ex-Titãs, em sua canção “Envelhecer”. É nesse ritmo musical que inicio essa coluna, afirmando que o envelhecimento está presente em todo o mundo. Na verdade, sempre existiu, porque todos nós, seres vivos, envelhecemos. Só não envelhece quem parte antes. Mas a novidade, o lado bom dessa nova realidade é que estamos vivendo mais, ou seja, a nossa expectativa de vida aumentou e vai aumentar cada vez mais. As pessoas centenárias já estão de pé, já nasceram.

É interessante dizer também, e é um grande desafio que mais do que viver mais em tempo cronológico, frio do calendário, o bom mesmo e desejável é viver mais e viver melhor. Com tempo para si e investimento no nosso crescimento pessoal, no alargamento e realização de nossos interesses. Esse tempo é agora. O nosso rápido envelhecimento populacional traz vários impactos no nosso dia a dia. Como essa matéria ainda não faz parte da nossa educação pública, porque não somos treinados para envelhecer, não nos ensinam a ficar velhos, é preciso buscar profissionais (que ainda são muito poucos) da área da geriatria e da gerontologia para a gestão do futuro dos novos e tantos dias que teremos pela frente.

O que vamos fazer com o nosso tempo livre? O mercado, o mundo do consumo recebe novas demandas de compra e venda nessa nova sociedade que está sendo criada, a de ter menos crianças e mais pessoas idosas. As profissões também precisam acompanhar essa mudança. Os programas de governo também. A grande novidade do envelhecimento deve fazer parte de uma outra configuração social, política e econômica com a força do poder grisalho.

Do tempo presente em diante, ganha importância a qualificação das profissionais e dos profissionais em geriatria e gerontologia. Eu faço uma rápida diferenciação entre uma e outra. A geriatria vai cuidar da saúde (física) da pessoa idosa, e a gerontologia vai se ver com a parte social, psicológica e cultural das pessoas idosas. O desejável é que esses dois profissionais caminhem juntos numa visão ampliada de saúde e com uma intervenção dialogada sobre e com a vida das pessoas idosas.

Daí eu apresentar a pergunta-título dessa coluna. Do que se trata a gerontologia clínica? Trata-se de atender algumas pessoas em seu processo de envelhecimento. De ir em busca do tempo perdido, na visão de si mesmo, agora, com um pouco mais de idade, e, certamente, com mais anos pela frente do que antes, sem saber como vivenciar esse tantão de anos que temos para viver. A gerontologia clínica, com profissionais especializados, vai te propor um plano de cuidados para você envelhecer bem, através de orientações de planejamento e cuidados diários na conquista possível de uma longevidade saudável, ativa e independente.

Nesse plano de cuidados para um envelhecimento ativo tem que estar prevista uma avaliação geral de todos os aspectos da vida da pessoa que busca esse atendimento, todo o seu contexto social, com suas atividades de vida diária, saúde mental, ambiente em que mora e prática de atividades físicas, entre outras dimensões do seu envelhecimento. E é para quem esse tipo de serviço? Para pessoas que estão vivenciando a maturidade, com 50, 60 anos e mais; cuidadores de pessoas idosas; pessoas interessadas em desenvolver o seu projeto de envelhecimento o quanto antes, vivendo o futuro no presente.

Jose Anisio Pitico

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontólogo. De Porciúncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar. Também é colaborador da Rádio CBN Juiz de Fora com a coluna Melhor Idade. Contato: (32) 98828-6941

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