Tomei emprestado o título do livro – que ainda não li – da ex-primeira dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, para dar o mesmo nome a essa Coluna de hoje. Que tem uma data muito significativa e importante para mim. A data do meu aniversário. Aqui um fato pitoresco. Verdadeiramente, nascido nesse dia, meus registros oficiais constam, todos eles, o dia 4 de outubro, como nascido em Porciúncula (RJ), o que é real. Atento para não atribuir linhas muito pessoais a esse texto, desejo compartilhar, com vocês, caros leitores e leitoras, algumas trajetórias existenciais do meu percurso de vida ao longo desses completos 62 anos.
Um novo capítulo começa a ser construído por nós quando da mudança de cidade, no ano de 1968. Eu, com 7 anos; meu irmão, com 3. No caminhão de mudança do Jair Madureira partimos para a nossa terra santa. Deixando para trás, como se fosse possível e não foi nada fácil, os fortes laços familiares inscritos na cidade natal: pai, mãe, avó e avô, tias e tios, primos e primas. Que mundo estranho esse, o da cidade grande! Como é possível sobreviver num lugar sem a gente conhecer ninguém?
O primeiro pouso. Rua General Gomes Carneiro 39/101. Rua do 10º Batalhão de Infantaria. Meu pai, empregado da Incolafer, representante autônomo. Vendedor de material de construção, em geral. Viajante, que quando chegava em casa, com o seu carro, um Fusquinha branco, já trazia uma bola nova para a pelada na rua do Quartel. Sem medo de errar e de ser traído pelo tempo, afirmo que era sempre sábado, sábado à tarde. Na rádio B3 tocavam as campeãs da semana, no programa de muito sucesso, “Se gostar, peça bis ao Alencar”.
Além do futebol, os estudos fazem parte dessa vitoriosa trajetória, graças a Deus. E aqui, até mesmo, em homenagem a ela, à nossa mãe, que me dizia muitas vezes, e que ficou na minha memória a expressão de ouro: “o estudo é a luz da vida”. E foi com essa luz que ganhei o mundo. Quero dizer que ainda estou em processo de construção de caminhar mais, cada vez mais. E nessa caminhada aprendi o valor do outro, a importância da amizade. Nossa casa, literalmente, sempre foi uma casa de portas abertas, assim como aprendi, desde cedo, a ter o coração aberto impulsionado pelas pessoas que amo e que me sustentam de pé na vida.
O futebol. Os estudos. O trabalho. As amizades. A minha família. Quanta coisa boa! Viver é muito bom. Aprendo diariamente a importância de celebrar a vida. A reconhecer que o que eu sou e o que eu venho me tornando é obra de muita gente. Por isso resolvi produzir essa coluna, no intuito de agradecer a todos vocês a oportunidade de nos comunicarmos. Minha preocupação era a de não ficar falando de mim, mas ao falar de mim, trazer a alma, a importância, o valor e o reconhecimento de que eu não me construí sozinho. Pelo contrário. Me faço e me constituo na alteridade, na diversidade, na pluralidade.
Por isso, nesse domingo do meu aniversário, uma bela coincidência como dia de produzir essa coluna, me permiti falar um pouco mais do meu campo pessoal. E dizer aos quatro cantos o quanto que eu sou grato à vida e a vocês pela aventura de existir.