Eu busco pela minha vida afora pessoas que me inspiram. Independente da idade delas. Minha posição na vida é a de quem quer aprender. Aprender a ser uma pessoa comum, como de fato, eu sou. Retiro da minha subjetividade em constante formação, para a minha sobrevivência, alguma forma de literatura para entregar o que vejo e, principalmente, o que sinto, à você, estimado leitor e leitora. Não sei viver sem o que os meus olhos veem e não ter a quem comunicar. Eu gosto de gente!
Com o acúmulo dos anos, aumenta a minha admiração por muitas pessoas. Principalmente por professores e professoras. Da escola primária até o ensino superior sou cria da educação pública brasileira. Com muito orgulho. O que eu sou devo muito, e para sempre, a esses e a essas pessoas que me encaminharam para a vida. O ambiente de escola é muito singular. Recheado de doces lembranças.
Na Escola Estadual Professor Quesnel, na Rua Bernardo Mascarenhas, no Bairro Fábrica, tinha gabinete odontológico. Tinha também o “pelotão de saúde”. Na camisa do uniforme, colocava-se uma cruz vermelha que distinguia o aluno de ser educador para a saúde da turma. Para merendar, eu levava uma banana nanica. Quando dava, ou quando tinha em casa, eu levava pão com ovo. Tinha merenda na escola também. Tinha sopa. Eu comia. Não me lembro se eu gostava. Era preciso manter-se de pé.
Nesse período me lembro de algumas pessoas inspiradoras primárias da minha vida. Professoras Nice. Ângela. Maria Célia. Eni Fellet. Essa, de vez em quando, ocasionalmente, encontrava na rua no centro da cidade. Fui crescendo, passando de ano. Agora, no Estadual. Colégio Estadual Sebastião Patrus de Souza. Na época, o morro parecia bem mais alto do que agora, na impressão que eu tenho quando passo pelos lados do bairro Santa Terezinha. Trago em mim muitas histórias que se escorregaram no morro de acesso ao pátio do Colégio.
A introdução ao esporte era bem estimulada. Basquete. Handebol. E lógico, o futebol. Futebol de salão. Professor Pedro. Tinha o “Major”. Bravo. Austero. À moda antiga, se comparado com os modelos de hoje. Levava nas mãos uma cordinha que sustentava o apito. Como se fosse um chicote a nos bater diante do medo que eu sentia dele. Nosso uniforme era uma camiseta branca com short azul e um tênis bico de plástico (conga) ou o famoso Ki-chute, que servia tanto para as aulas de educação física quanto para a “pelada” do futebol. O Ki-chute tinha um cadarço enorme que enrolava até a canela da meninada.
Além desses inspiradores professores de educação física já citados e registrados, me vem à memória alguns outros memoráveis mestres. Professor Augusto Gotardelo, um baixinho, gigante na gramática, que me ensinou acentuação gráfica e, para nunca mais esquecer, porque a palavra árvore é acentuada. Além dos ditongos e tritongos, que pouco me serviram na vida. Professor Campante. Antonio Vidal. Para sempre será inesquecível. Um grande professor. Que me ensinou o nome completo do autor do Hino à Bandeira. O genial Olavo Bilac. Quer saber o nome completo dele? Anote aí. Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
Ainda na disciplina de Português. Professora Naylê. Elegante, sempre bem vestida. Eu gostava de suas aulas. Na verdade, eu sempre gostei de Português. De aprender a falar e a escrever direito. Professor Detoni (física). Professor Saramelo (química). Professora Marlene (história geral). Professora Celina (geografia). Professora Edite (geografia). Professora Maria do Carmo(inglês). Professor Luiz Antônio (português). Professor Augusto Gotardelo Júnior (educação física). Professor Miranda (inglês). Professor Lúcio (inglês). Professor Romano (português). Professora Carmem (desenho). Desculpe-me alguns outros poucos professores e professoras que não lembrei de vocês. Não é nada pessoal. Lembrei mais. Professora Elvira (português).
A grande maioria desse grupo de professores e professoras estava sob a direção competente e disciplinadora da professora Maerly Paixão. Tinha a professora Diva também. Dona Zezé, zeladora de turma. Professor Gomide!
Já na UFJF, o buraco é mais embaixo. Com os pés e as mãos no mundo adulto. Ser profissional. O Serviço Social me deu excelentes professores e professoras. Fica aqui a minha eterna gratidão a todos eles e elas.
A educação pública é fonte de toda a minha inspiração na vida. Com todos esses professores e professoras que contribuíram e muito para a minha formação pessoal e profissional, que acenderam a minha luz. Muito obrigado a todos e a todas.