A janela partidária, que corresponde ao prazo para que vereadoras e vereadores mudem de partido sem risco de perder o mandato eleitoral está aberta desde a semana passada e fecha no próximo dia 5 de abril. Essa norma vale apenas para quem ocupa essa função atualmente. Na composição desse enorme tabuleiro composto por peças, manobras e artimanhas, avalia-se as melhores condições práticas para que o concorrente ou a concorrente reúna os indicadores satisfatórios para sua reeleição.
Conversas e mais conversas são mantidas aqui, no Estado e em Brasília. Nem sempre nessas negociações os interesses da coletividade são levados em consideração ou ocupam um lugar de destaque. Nem sempre. Talvez, na maioria dos casos, o que vale mesmo é apostar todas a as fichas para sair vencedor ou vencedora das urnas. O pleito da comunidade fica esquecido, como acontece, historicamente, com as demandas da população idosa brasileira, mineira e da nossa cidade. Salvo as honrosas e raras exceções, temos muito poucos representantes políticos que efetivamente defendem e protegem os direitos sociais e de saúde da população idosa.
Nos encontramos num grande paradoxo: se, por um lado, cresce e aumenta cada vez mais o número de pessoas idosas entre nós, o que é muito bom; por outro lado, essa nova realidade traz pouco impacto ou nenhum em respostas públicas dos nossos gestores e na oferta de políticas públicas para as pessoas idosas. Num rápido insight: é como se a realidade da presença cada vez maior e numerosa de idosos na população não significasse nenhum ganho para a nossa existência.
Nosso sonho, desde que o mundo é mundo, sempre foi o de vivermos mais, e, de preferência, que a gente não morresse. Mas esse último desejo não é possível porque não é humano, não nos pertence. O certo é que a realidade é que estamos vivendo mais e vamos viver cada vez mais. Só que se não houver uma mudança no comportamento da classe política em relação ao seu comportamento com a população idosa, vamos todos nós para o fundo do poço.
Essa provocação na mudança do comportamento político de quem nos representa começa no voto nas próximas eleições. As eleições municipais estão em jogo. Temos que participar do processo eleitoral que está chegando. Porque, se não, as janelas continuarão abertas para os atores políticos e continuarão fechadas para a população. É preciso abrir a janela e ver o mundo. Mais do que ver o mundo, é preciso participar do mundo para transformá-lo num lugar melhor. Do que adianta viver mais em anos cronológicos, mas sem ter qualidade de vida, sem ter com quem conversar?
Observo ocasionalmente, quase que sem querer, pelas ruas do Centro da cidade, uma senhora ou outra que se posicionam próximas às janelas dos apartamentos, olhando para frente, algumas vezes acompanhadas por alguns gatos ou cachorros. É o amor que elas têm, e são correspondidas. Elas estão no mundo, mas o mundo não quer saber delas. É o que acontece hoje e que pode, com certeza, acontecer amanhã, com a gente, se a gente não reagir.
Só o amor é capaz de criar um outro mundo. E a política precisa ser feita com respeito e com afeto com todas as pessoas. A conquista de um envelhecimento saudável passa inevitavelmente pela ação política de nossas mãos no exercício do voto, naquelas candidatas e naqueles candidatos que têm uma proposta pública concreta, de ações municipais para as melhorias das condições de vida das pessoas idosas de nossa cidade.