Quem não gosta de ganhar presente, um mimo? Eu gosto, aliás, faço aniversário por esses dias, rsrs. Nem que seja receber somente uma lembrancinha, como nos acostumamos a fazer, nesse tempo de restrição econômica. Ser lembrado, sempre, em todas as fases da vida da gente, é muito bom e faz muito bem à nossa saúde. Mas nem sempre é assim, isso acontece. Com a passagem do tempo em nós, e ele passa para todo mundo, se a gente não se movimentar na busca e manutenção das nossas redes sociais, físicas e virtuais, seremos, com certeza, esquecidos pela sociedade, pela instituição em que trabalhamos, pela família e pelas amigas e amigos. É como se, ao nos aposentarmos do setor corporativo organizacional, somos também aposentados, afastados da vida social e dos contatos sociais que esse momento funcional nos proporcionou. Se somos esquecidos, não ganhamos presentes.
E para essas datas especiais, como a de hoje, Dia das Mães, como lembramos ou como demonstramos nosso afeto, nosso amor e gratidão, pelos presentes que damos a elas? Pesquisas recentes realizadas por estudioso/as da geriatria e da gerontologia demonstraram que, em datas superespeciais, notadamente com grande apelo comercial, os principais presentes que as pessoas idosas – algumas – ganham de seus familiares, vizinho/as e amigo/as ficam por conta de, no caso para as senhoras, mães, avós, tias, peças em artesanatos feitas em tricô, crochê, panos de pratos, terços e bíblias; para os homens, os avôs, pais e tios, cintos, chinelos, pijamas diversos. Tanto para um gênero quanto para o outro, a interpretação que podemos inferir é a de que todos esses presentes remetem à condição do reforço social de que o lugar social das pessoas idosas é mesmo dentro de casa, de preferência, ficar por muito tempo deitado na cama dentro do quarto. Qual desses presentes citados convidam as pessoas idosas a saírem de casa? A conhecerem outros lugares fora do ambiente doméstico? Nenhum.
A realidade atestada por esse estudo nos fazer refletir sobre como, na maioria dos casos, ou em muitos casos, não estimulamos os nossos idosos, os donos da casa, a terem momentos diferentes e uma rotina alterada com um cotidiano livre nem que seja somente em um dia, como nesse domingo especial de Dia das Mães ou em outras oportunidades de celebração que temos na vida. Desejo a você, minha leitora e leitor da Terceira Idade, ou de qualquer idade, que nesse dia de hoje você receba ofertas e convites que sejam do seu interesse, conforme a sua escolha e que te permitam esquecer da cozinha. Que seja um domingo para você!
É preciso dizer também que as velhices são diferentes. As configurações diversas que estão inscritas nelas definem modos de vidas diferenciados. Mas, em geral, tutelamos e não acreditamos no potencial de mudanças que os mais velhos têm. E a convivência social e o contato com outras pessoas que não sejam somente os familiares, sem dúvida alguma, trazem melhores dias para as pessoas idosas, principalmente para aquelas que não construíram um horizonte rico de possibilidades para o seu crescimento pessoal, muitas das vezes, limitados que foram pela pobreza dos sonhos dos seus familiares.
O simbolismo embutido nessas ocasiões sociais, de trocas de gentilezas, de dar e receber presentes, como no caso que eu trouxe aqui, nessa coluna, serve de alerta para a mudança de nosso comportamento com as pessoas idosas. Não é porque eu sou uma pessoa idosa que necessariamente devo me sentir aposentada/o ou exilada/o dentro de casa. A vida é muito maior!