Na semana passada, a Câmara Municipal completou 170 anos de sua existência. Com várias atividades, o intuito é o de cada vez mais, com a realização desses eventos públicos, entre outros objetivos, aumentar a sua interlocução com a sociedade, com a cidade, de um modo geral. A atividade política precisa ampliar seu coeficiente de confiança do eleitorado. Com os pés e mãos no presente, valorizando e reconhecendo o seu passado, a Câmara lançou seu olhar para o futuro, com a cápsula do tempo: que cidade teremos, ou que cidade seremos daqui há 30 anos, em 2053?
Achei esse exercício de sonho muito interessante. Desejo que os pedidos da população sejam realizados. Sem sonhos não dá para viver. Coincidentemente, há mais de 30 anos que sonho com uma cidade mais generosa no trato público com a sua população idosa. Sonho que nasce, que está colado à realidade mundial e planetária que estamos inseridos: o crescimento progressivo e muito rápido do número de pessoas idosas no nosso ambiente humano.
É a “revolução da longevidade”, que veio para ficar. Minha missão, minha tarefa, nosso sonho é o de, ao chamar a atenção de representantes do Poder Público sobre as péssimas condições de vida da maioria da população idosa, é também sensibilizar a comunidade para a importante participação no trabalho social de transformação dessa realidade de tamanha injustiça social e descaso histórico em relação ao destino comum de muitas pessoas idosas que precisam urgentemente da atenção política para não perderem sua dignidade de ser humano. Muitos e muitas já perderam.
Nós trabalhamos há muito tempo nessa direção, de mostrar para a cidade de Juiz de Fora que nós temos uma grande e crescente população idosa que precisa ser vista e revista. Todo evento que promovemos no calendário temático da gerontologia e da geriatria não tem outro objetivo senão buscar o olhar da cidade para os seus moradores idosos, consumidores, cidadãos e cidadãs. E é o que faremos a partir da próxima semana, quando iniciaremos mais uma Semana Municipal da Pessoa Idosa. Lembrando a você, caro leitor e leitora, que o dia 9 de maio é o Dia Municipal da Pessoa Idosa. Portanto, você que me honra com a sua leitura por aqui, de todos os domingos, e tem 60+, tem o direito de receber afeto e carinho nessa data, e que seja assim por todos os dias.
O futuro nos aponta muitas perspectivas, entre outras, a realidade do nosso envelhecimento, pessoal e coletivo. Não desejo um futuro que deixa a gente esperando acontecer, um futuro recheado de passividade e inércia. Não. Luto por um futuro, e convido a todos vocês, leitores e leitoras, a construírem um futuro, e já estamos construindo, produzindo narrativas, aparelhos de conversas e conteúdos públicos para que, quanto mais gente souber sobre o aumento da nossa expectativa de vida, o que significa dizer que estamos e vamos viver cada vez mais, possa facilitar uma mobilização geral para a mudança de comportamento no planejamento do nosso futuro, que pode ser iniciado agora.
A realização de mais uma Semana Municipal da Pessoa Idosa, por mais efeméride que possa parecer, no sentido de que o caminho da mobilização da cidade para a transformação da realidade social, econômica e política da maioria das pessoas idosas é muito complexo e cheio de nuances, não deixa de ser uma semente de esperança. Quem sabe a resposta não venha daqui a 30 anos, quando a cápsula do tempo será conhecida por quem a testemunhar?