Retorno ao exercício semanal de conversar com vocês, caros leitores e leitoras. Com essa coluna de hoje, reabro nosso espaço, no ano de 2024, para a gente falar sobre o nosso processo de envelhecimento. E cheguei a uma conclusão: precisamos cada vez mais conversar sobre a passagem do tempo em nós. E abro a sessão desse ano com a matéria da jornalista Marina Izidro, do jornal “Folha de São Paulo”, publicada no domingo passado, 28 de janeiro, com o sugestivo título “Aposentados vão às ruas contra mudanças climáticas”.
Eu fico atento às leituras que faço, diariamente, e quando leio algo sobre o tema do envelhecimento, logo me motivo a trazer para cá e apresentar a vocês, para o nosso debate, provocar uma troca de ideias. É o que me alimenta semanalmente, para estar com vocês. Fico feliz quando alguém, espontaneamente, comenta sobre a Coluna que leu no domingo. Semana passada aconteceu isso (mesmo de férias) em um restaurante self service. Quase perdi o apetite de tanto que comi as palavras da minha leitora, da família reunida.
Voltando à matéria da Marina, de domingo passado. Trata da participação de pessoas idosas inglesas, em sua maioria, aposentado/as, ativistas do movimento político, na defesa do meio ambiente. O que mais me chamou a atenção e encheu de fogo e entusiasmo a minha alma é a comprovação real de que a capacidade de protestar e de lutar por um planeta melhor não depende da idade das pessoas. Ter mais ou menos idade. A prova inconteste de que a geração prateada pode fazer a revolução. As pessoas idosas têm competência para protestar. Se essa é a realidade de idosos britânicos, por que isso não pode acontecer aqui no Brasil? Claro que pode.
Para isso acontecer por aqui vamos precisar de cada vez mais investimento financeiro na educação. Educação pública. Oferecer espaços de participação social para as pessoas idosas. Criar políticas públicas municipais de atenção aos cidadãos idosos e às cidadãs idosas. Não dá para a cidade seguir adiante se ela não levar as pessoas idosas junto. Até por uma questão de democracia etária. Temos e vamos ter cada vez mais pessoas idosas no nosso meio, no nosso país e nas nossas cidades.
Como aqui em JF. São mais de 100 mil pessoas com a idade igual ou maior de 60 anos. Qual é o convite público que a cidade faz às pessoas idosas para ter o engajamento político delas? As pessoas idosas, de um modo geral, não participam da vida da cidade, muito mais por discriminação social e indiferença pública do que propriamente por falta de competência delas. Se eles, os velhos ingleses, são capazes de parar o trânsito em um protesto pela defesa do planeta, por que não podemos fazer isso aqui também? Reconheço as diferenças gritantes dos idosos ingleses para os nossos. Mas a mudança é possível. Um outro mundo é possível. As eleições municipais estão aí. Nunca é tarde pra gente defender causas em que a gente acredita.
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