A partir do momento que eu tive a oportunidade de nascer, de ir para a vida, – respirar – num ato extraordinário de amor de meus pais, eu dou graças a Deus. Eu poderia não ter nascido, visto que a gestação humana de uma outra vida é um grande mistério. Pode acontecer ou não. Eu tive a chance de sair do útero materno e entrar no mundo. Com suas dores e delícias. O desconhecido – o fascinante – está entre o período antes do nascimento e o do depois da morte: o que tinha antes?; o que virá depois?
Eu não tenho respostas para essas perguntas e para tantas outras. Fazer perguntas é melhor do que ter as respostas. A vida é maior, e eu me entrego ao sentimento do amor, que é o que faz a roda girar e a alma vibrar. E agora que estou na estrada, na passagem do tempo em mim, vejo que muito caminhei e que muito ainda há por conhecer, descobrir, desfrutar e aprender. Para mim, a ideia de aprender é um exercício orgânico que prolonga o desejo de viver escorrendo em nós por muito tempo.
Ter curiosidade faz a gente sair do lugar. A busca da novidade em nós deve ser uma rotina, porque nos faz ter uma ansiedade e uma esperança de que vamos encontrar aquilo que nós precisamos, aquilo que pela falta, em nós, vai nos contentar, vai nos dar um pouco de segurança e momento de paz. Na estratégia para furar o bloqueio dos dias sempre iguais e mecânicos, ainda mais nesse calendário pandêmico, é preciso ter criatividade. Literalmente, é fundamental inventar modas. Suspender o cotidiano. Observar o relógio na parede com toda a sua mudez autoritária, mas enxergar as pontas dos marcadores contando as horas e os minutos a nosso favor, para que não tenhamos a sensação e o lamento prolongado de que estamos perdendo tempo.
Como ter um espaço cronológico para nós mesmos? A entrada no fazer do mundo das artes traz mudanças. Praticar esportes, atividades físicas, também. Cultivar o mundo interior. Aproximar do seu mundo íntimo. Caetanear. Mesmo com medo, é preciso ter coragem para encarar a vida (a sua, principalmente) de frente. Chega um momento que não temos mais como retornar, como se nessa BR da vida, em que estamos, a direção é seguir em frente. Uma outra indicação para driblar o esmagamento que o tempo provoca em nós é estar com os amigos e amigas. Compartilhar. Assistir um jogo de futebol, tem que ser do seu time do coração. O meu só tem me dado alegria (se é que me entendem, rsrs.). Acompanhar no streaming uma boa série ou um bom filme me parece ser uma boa pedida. Melhor mesmo tem sido participar do Arkadyas Sênior, uma nova maneira de jogar futebol.
Essas e outras atividades, representam para mim, exemplos de medidas simples de mudanças de comportamentos que podem nos ajudar no “consumo” prazeroso de nossos dias. Na verdade, reconheço que há em mim, e em todos nós, prezados leitores e leitoras, outras possibilidades de vida. Certamente, não terei; não teremos tempo para realizar todas; mas as que forem possíveis, eu vou fazer. Penso que o principal na vida é não deixar de procurar em nós, o que nos alimenta a alma de alegria e de paixão, e assim, viver. Coragem!