Saio mais da cidade (por alguns dias) muito mais por motivo de trabalho, por necessidade de buscar conhecimento do que, propriamente, para passear, como se estivesse de férias. Dentro dessa lógica fui à São Paulo na semana passada. Participei do XXIII Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, no período de 23 a 25 do mês de março. É a segunda vez que vou à maior cidade da América Latina. No início dos anos 90 do século passado fui pela primeira vez, motivado, de igual modo, pela curiosidade presente de aprender mais sobre o trabalho que realizo com parte da população idosa da cidade.
Nesse período, estava no início desse processo. Busco conhecimentos, experiências profissionais e também parâmetros de avaliação sobre se o que estamos fazendo na cidade está no caminho certo; se é por ai mesmo ou não? Penso que não dá prá gente se isolar ou se colocar de fora de outros contextos de trabalhos desenvolvidos em outras cidades que atuam na mesma área sobre o envelhecimento humano. Percebo que é cada vez mais importante e necessário construir/fortalecer saberes científicos no campo da Geriatria e da Gerontologia. Construir e compartilhar.
Foi o que encontrei e trouxe dessa minha participação, iluminado pela presença de outros profissionais amigos que atuam na geriatria da cidade. O encontro não só foi estupendo pela quantidade recorde de participantes, mas, também, e sobretudo, pela qualidade do conteúdo científico entregue pelas autoridades na matéria. Inclusive de convidado/as de outros países, como Inglaterra e Uruguai.
Precisamos fazer ciência sobre a passagem do tempo em nós e nas pessoas. O que eu poderia relatar um pouco mais sobre esses dias de grandes aprendizagens profissionais? Compartilhar com vocês assuntos da mais alta relevância que foram abordados. No quadro da geriatria, entre outros pontos, eu destaco: como anda a saúde mental das pessoas idosas? O que fazer e como manusear nos casos de demência, depressão, delírio de alguns idosos? E a indicação da medicação: quando desprescrever?, iatrogenia?. No campo da gerontologia, registrar sobre a mobilidade no envelhecimento: a importância da atividade física, como prevenir quedas em idosos?.
O profissional de saúde deve ter uma percepção treinada para enxergar todos os aspectos biopsicossociais que incidem sobre a saúde das pessoas idosas. Como eu me comunico com a pessoa idosa? Trata-se de um outro ponto importantíssimo de atenção na relação profissional. De um modo muito especial, participei de uma mesa redonda sobre a importância dos pets (cães e gatos), da música e da arteterapia na reabilitação do paciente idoso. Animais que ajudam na recuperação da saúde das pessoas idosas, ouvi sobre casos de algumas instituições de longa permanência onde esta rotina já acontece há muito tempo. E por aqui como estamos?
O certo é, prezadas leitoras e caros leitores, afirmo à vocês, sem medo de errar, está mais do que comprovado, e foi o que percebi em São Paulo: o tema do envelhecimento está colocado na sociedade. Pode até não ser o tema sedutor da mídia, mas “tá bombando”. Não é à toa, que a sala que teve mais gente participando, inclusive, com a capacidade da sala totalmente esgotada, com gente sentada no chão, foi a mesa sobre “como empreender em geriatria e gerontologia?”. O que o mercado está dizendo?, que negócio é esse? E ficou demonstrado para nós e, é verdade, eu concordo, trata-se de um excelente negócio – o nicho do envelhecimento! E para finalizar esse breve relato da minha participação nesse importante congresso, dizer que agora é continuar cuidando do nosso quintal. Até um próximo congresso. Mas bom mesmo é voltar prá casa!