Tenho escrito por aqui, toda semana, sobre a realidade do nosso envelhecimento populacional. O mundo está envelhecendo. Nosso país também e nossas cidades. Nossa cidade tem mais de cem mil pessoas com a idade de 60 anos e mais. Diferentemente da maioria dos países europeus, que envelheceram em melhores condições sócio-econômicas, o Brasil envelhece muito rápido e com péssimas condições de vida. Ou seja, estamos na configuração de um país de idosos, numa velocidade astronômica e sem proteção social, com um futuro nebuloso e incerto de segurança econômica e de vida. O que me faz refletir de que já corremos o risco de, com mais idade, mais próximos estaremos de nos empobrecermos, se não tivermos as devidas providências e planejamentos para essa fase da nossa caminhada. E, principalmente, a participação das instituições políticas do Estado Democrático de Direito, que constitucionalmente, tem a obrigação de garantir a vida da população em qualquer faixa de idade.
Essa realidade do envelhecimento traz impactos, impõe desafios ao mundo contemporâneo e, logicamente, à nossa realidade onde vivemos. É muito comum no nosso cotidiano, faz parte do convívio urbano, pessoas idosas vendendo panos de pratos nos sinais luminosos do centro da cidade. Outras, fazendo ponto fixo, pedindo dinheiro, nas imediações de açougues e supermercados. Mais à frente, passa um senhor, oferecendo balas e paçoquinhas às pessoas nos pontos de ônibus. Além daquela senhora que já inscreveu seu corpo na calçada de uma agência financeira da cidade.
São velhices e velhices. Temos outras pessoas idosas que se habilitam ao retorno ao trabalho formal, ou muitas das vezes, na informalidade, na luta pela sobrevivência; tendo em vista que o salário da aposentadoria ou da pensão não cobre minimamente suas necessidades, para quem trabalhou a vida toda para o país ou para a cidade. Nada mais justo e necessário de que precisamos lutar pela manutenção dos serviços públicos de primeira necessidade para a nossa população. A esperança vem com as eleições daqui há cinco meses. É pelo voto, sim, que podemos criar um novo futuro para a nossa velhice. E também com a participação maçica das eleitoras idosas e eleitores idosos no dia do pleito. Assim, acredito que estaremos na direção de criarmos uma nova sociabilidade de respeito e cidadania.
Se o envelhecimento populacional de JF ainda carece efetivamente de um engajamento coletivo – os impactos previstos com as transformações sociais, não só na área de emprego e renda, mas também em toda esfera da vida -, precisamos preparar a cidade para atender e incluir a pauta das pessoas idosas na sua gestão pública. Para isso acontecer, e já vem acontecendo, é cada vez mais necessária a criação de canais de participação social para que as pessoas idosas digam que cidade elas querem para viver. O envelhecimento não para de crescer. Mas esse fato tem que provocar mudança de mentalidade na cidade, para ela se adequar à essa nova realidade, não só no campo do mercado de trabalho, mas, em todos os outros. Feliz dia do trabalho. Da trabalhadora. Do trabalhador.