A “síndrome de pica”, também chamada de alotriofagia (que significa depravação do apetite), é um transtorno alimentar em que a pessoa tem uma vontade irresistível de comer coisas não comestíveis e até tóxicas, podendo levar a sérios problemas de saúde.
Ela é chamada síndrome de pica em alusão ao pássaro, pica pica, também conhecido como pega rabuda, que se alimenta de quase tudo que vê pela frente. Normalmente essas pessoas costumam comer terra, papel, sabão, casca de ovos, isopor, moedas, pilhas, baterias, giz, carvão, cabelo, lascas de tinta, lã, pano, ração para animais, barbante, cinza de cigarro, cola, prego, gelo, produtos de limpeza e até fezes ou urina de animais.
A síndrome é mais comum em crianças menores de 6 anos, autistas, grávidas, pessoas com deficiência nutricional (paciente com anemia ou deficiência de cálcio, zinco e ferro) e pessoas com algum distúrbio psiquiátrico, tipo depressão, TOC, esquizofrenia e também com ansiedade e estresse) e recentemente tem sido observada em pacientes com cirurgia pós-bariátrica.
Importante destacar, também, que uma pessoa que esporadicamente tem vontade de comer gelo, por exemplo, ela não necessariamente será diagnosticada como Síndrome de Pica. O fato de comer alguma coisa incomum não significa que a pessoa tenha, necessariamente, a alotriofagia. Só podemos falar que a pessoa sofre dessa doença se houver um desejo compulsivo e que ocorra por mais de um mês e em uma idade em que a pessoa já saiba que aquilo não é para comer.
As complicações
Pode causar prisão de ventre, infecções parasitárias, obstrução do intestino delgado e do intestino grosso e intoxicação por chumbo.
Tratamento
Primeiro é preciso identificar a causa. Por exemplo, se for uma deficiência nutricional, devemos tratar com suplementação e dieta, mas se for um distúrbio psiquiátrico, além da medicação adequada, é necessário um acompanhamento psicológico. Agora, se e acontece durante a gestação, costuma aparecer espontaneamente após o parto.
Como a alimentação pode ajudar?
Como a síndrome de pica pode estar ligada à deficiência de minerais, como zinco, ferro e cálcio, devemos fazer o uso de alimentos ricos em ferro: carnes vermelhas, peixe, mariscos, gema de ovo, vegetais de folhas verdes escuras, tipo espinafre, couve, brócolis, semente de abóbora, tofu, quinoa, leguminosas (feijão, lentilha, grão de bico, ervilha), alimentos ricos em zinco: frutos do mar, principalmente as ostras, peixe, amendoim, chocolate amargo, semente de abóbora, linhaça, gergelim e semente de melancia. E alimentos ricos em cálcio,como vegetais de folhas verdes escuras (brócolis, couve, espinafre, agrião), sementes de chia, gergelim e linhaça, tofu, manjericão, amêndoas, nozes, amendoim, castanha do Brasil,feijão, lentilha, grão de bico e sardinha.
Podemos lembrar também que a serotonina é um Neuro transmissor capaz de alterar várias áreas cerebrais. Por isso, mantê-la em níveis adequados é importante na regulação do humor, da ansiedade, do apetite e do desejo de ter uma alimentação saudável. Por isso devemos incluir na dieta alimentos ricos em triptofano, que é um aminoácido essencial na produção de serotonina, que vai ser a banana, o abacate, os ovos, salmão, peru, nozes, amendoim, castanha do Brasil, canela, cacau, couve flor, beterraba e brócolis.
Já que a síndrome de pica pode estar ligada diretamente ao estresse e a ansiedade excessivos, é importante lançar mão do exercício físico, que aumenta a produção e a liberação de neurotransmissores, como endorfina, serotonina e noradrenalina – substâncias que agem no sistema nervoso central, causando sensação de bem-estar e diminuindo a ansiedade e o estresse.
