Aos ignorantes que insistem em se fazer de cegos e surdos

Por Marcos Araújo

O colega de profissão Inácio Novaes, jornalista da TV Integração, afiliada da Rede Globo em Juiz de Fora, foi alvo da ignorância e da brutalidade, nesta terça-feira (14), enquanto fazia uma transmissão ao vivo, no Largo do Riachuelo, na região central da cidade. Ele e o cinegrafista Rodrigo Souza trabalhavam para levar informação aos telespectadores sobre a questão do teletrabalho nas escolas da rede estadual, quando foram atacados. Sim, essa é a palavra que serve para definir a agressão à qual foram submetidos. Ambos foram atacados por uma pessoa desconhecida que passava pelo local.

O repórter foi surpreendido e, por muito pouco, quase ferido por uma garrafa cheia d´água atirada em sua direção, no momento em que explicava ao apresentador no estúdio e às pessoas que assistiam ao MGTV as informações que havia apurado. Todavia, o atirador não conseguiu acertar na mira, e a garrafa explodiu no chão.

Apesar de ter percebido que seria alvo de um crime, que se tivesse êxito, possivelmente, seria qualificado como lesão corporal, Inácio manteve o controle e realizou o seu trabalho, concluindo-o de forma séria, responsável e profissional, como é de praxe aos bons jornalistas que compreendem e defendem o nosso papel social. Depois do episódio de violência, o jornalista fez um desabafo nas suas redes sociais. “Quantos mais serão? Quantos mais vão destilar seus ódios em cima de quem apenas está informando a população? O que está por trás disso tudo?”, questionou o repórter.

Caro Inácio, sua questão é complexa para muitas pessoas, principalmente, para aquelas que dirigem seu ódio para a imprensa sem sequer saber o porquê dessa raiva e de muito menos entenderem que a imprensa é um dos pilares da democracia e de que ela representa muito sobre um povo. Quanto mais livre, menos oprimida e subjugada está a sociedade na qual está inserida. Pobre das pessoas que enxergam o jornalismo sério como inimigo. A grande maioria delas não sabe o que faz e pode ter que pagar muito caro para descobrir.

Nas colunas das semanas passadas, fiz algumas reflexões sobre como esta pandemia que nos assola, patrocinada por um vírus, poderia nos servir de passagem para um outro estágio de nossa humanidade, de encontrar uma outra forma de estar neste mundo e de viver nesta vida. Neste mesmo dia em que Inácio foi quase agredido, deixei o home office, que fazia há cerca de um mês, para voltar a trabalhar na redação do jornal.

Em direção ao trabalho, vi muitas pessoas nas ruas, muitos estabelecimentos comerciais abertos, mesmo que a ordem e o mais seguro seja ainda manter o isolamento social. Muitos não dão credibilidade ao que tem sido publicado e informado pelas autoridades, ignorando que, até no que diz respeito aos testes para detectar o coronavírus, o Brasil leva prejuízo, e os casos podem estar subnotificados.

Eu consigo entender a preocupação das pessoas no que se refere à economia, à retomada de suas vidas, mas é muito difícil compreender quando isso tudo vem misturado com violência e imbecilidade. Já começo a temer que possamos sair pior do que entramos nessa luta contra o vírus. E isso é uma pena, porque preferia continuar a ter esperança!

Para finalizar, quero prestar minha solidariedade a Inácio e ao cinegrafista Rodrigo e dizer que estamos juntos! Enquanto a crise não acaba, vou continuar repetindo um de meus mantras favoritos: informação séria e responsável é antídoto para doenças e para a ignorância!

Marcos Araújo

Marcos Araújo

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