Os rubro-negros são um bicho festeiro e a conversa na redação da Tribuna é recorrente a cada boa fase do Flamengo. Sempre após um resultado como o da última quarta-feira, que garantiu o clube carioca de volta às semifinais de uma Libertadores 35 anos depois, o nível de confiança dos flamenguistas atingem escalas estratosféricas. Pé no chão que sou, invariavelmente, faço o alerta: “não se comemora título de véspera”. O conselho simplório se fez verdade nos últimos anos, em que os torcedores rivais se regozijaram com a história do “cheirinho”.
Mas, agora, a coisa parece diferente. De fato. Ao contrário, das temporadas de 2016, 2017 e 2018, quando o Fla bateu na trave, a equipe tem hoje mais do que um apanhado de bons jogadores do meio para frente. A chegada dos laterais Rafinha e Filipe Luís – e anteriormente a dos zagueiros Rodrigo Caio e Pablo Marí – deram consistência defensiva ao time, algo que se mostrou como calcanhar de Aquiles dos cariocas em anos anteriores.
A segurança na cozinha deu a tranquilidade que o bom Jorge Jesus precisava para trabalhar um elenco qualificado e fazer o milagre da multiplicação das jogadas ofensivas. Com um entrosamento acima do normal para o pouco tempo de clube, os atacantes Bruno Henrique e Gabriel Barbosa têm transformado em gols todo um cardápio variado de tramas de ataque, que passa pela preparação de armadores acima da média do futebol brasileiro como Arrascaeta, Éverton Ribeiro e o recém-chegado Gérson.
Com uma profusão de bons jogadores, a parada da Copa América fez bem demais ao Rubro-Negro. O respiro na tabela garantiu tempo aos jogadores para assimilarem as ideias de Jesus. Para além do talento individual, o Flamengo se mostra taticamente qualificado, aliando técnica, experiência e vontade de ganhar. Deu liga, ao contrário dos últimos anos, em que o time se mostrava bastante irregular e os bons momentos não passavam, de fato, a confiança de que, na Hora H, ia crescer para levantar taças de peso. Agora, tudo indica que esta é uma probabilidade real e o Fla, hoje, é quem joga o melhor futebol do Brasil.
A despeito disso, reitero o conselho ao amigo Wendell Guiducci e cia.: título não se comemora de véspera.