Superman Bizarro
Oi, gente.
“Batman vs Superman: A origem da Justiça” é o assunto do momento, mas hoje vamos lembrar a malfadada trajetória de “Superman lives”, o filme que – tal como a Viúva Porcina – foi sem nunca ter sido. Ou algo do tipo. A maioria da comunidade nerd provavelmente conhece a história, mas sempre há pequenos marsupiais distraídos que possam ter passado batido pelo lendário e insano projeto que reuniria Tim Burton na direção e Nicolas Cage (!) como o Homem de Aço.
Sendo assim, senta que lá vem a história. O ano era 1996, e o que Joel Schumacher estava fazendo com o Batman não havia chegado (ainda) ao fundo do poço. Com “Batman eternamente” fazendo bonito (pelo menos) nas bilheterias, a Warner resolveu que era hora de colocar Superman para voar novamente, quase dez anos depois do fiasco que fora o quarto filme com o herói, “Em busca da paz”. Com a moral de ter feito dois filmes elogiados com o Homem-Morcego, Tim Burton topou participar do projeto, que teve roteiro assinado pelo über nerd Kevin Smith, cheio de moral por ter escrito e dirigido “O balconista” e “Barrados no shopping”.
Apaixonado por quadrinhos, Smith convenceu o estúdio a adaptar partes consideráveis do arco “A morte de Superman”, tendo como vilões Lex Luthor e Brainiac – que seriam responsáveis, no filme, pela destruição de Krypton. A dupla conseguiria impedir que o herói fosse abastecido pela luz do sol, a fonte do seu poder, sendo assassinado por Apocalypse. Superman voltaria triunfante dos mortos por obra do Erradicador e derrotaria os vilões, que haviam vendido para o mundo a imagem de salvadores de um planeta acossado por um alienígena mau.
Infelizmente, o que seria uma boa ideia começou a ser destruída pelo produtor Jon Peters e – pasme! – Tim Burton. O primeiro queria Sean Penn (?) como Superman, pois para ele o ator teria o “olhar assassino” (???) necessário. O papel foi entregue para Nicolas Cage e sua cabeleira, tido como alguém com expressão feroz semelhante – afinal, eles queriam um Superman “sombrio e homicida” (hã?).
Como se isso não fosse estranho o suficiente, a dupla Peters/Burton foi além: os dois recusaram o roteiro de Kevin Smith, considerado “muito fiel aos quadrinhos” (?????). A primeira medida foi mudar o uniforme do personagem, que teria um “S” no estilo do “Superman Elétrico” e seria negro, pois o azul era considerado “muito afeminado”. Até mesmo uma armadura transparente, que mostrasse os órgãos internos (!) do herói, chegou a ser construída. Ah, e Superman não iria voar, pois os efeitos especiais dos filmes anteriores eram considerados péssimos. Tim Burton queria que Superman tivesse poderes elétricos e se locomovesse por meio do “Supercarro”…
Com tantas coisas absurdas sendo propostas, a Warner engavetou o projeto em 1998. Com o passar dos anos, vários registros da pré-produção, assim como roteiros, foram pipocando pela internet – incluindo os famosos testes com Nicolas Cage vestindo os inacreditáveis trajes propostos para o filme. A triste história de “Superman lives” rendeu o documentário “The death of ‘Superman lives’: What happened?”, lançado ano passado após uma campanha de crowdfunding. Para os interessados na cultura pop, um prato cheio para entender como a indústria do cinema eventualmente funciona (mal).
Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.