ANÉIS E DEDOS
A manutenção dos vetos do Governo a projetos que mexiam com a estrutura econômica do país, e com apoio até de setores da oposição, é um claro sinal de que o Legislativo entendeu a extensão da crise. Jogar para a arquibancada, como se o problema fosse dos outros, era uma tática arriscada, pois, no final das contas, não haveria vencedores e muitos derrotados. Ainda há vetos a discutir, como o que define o reajuste dos salários do Judiciário, mas a preocupação central passa pelas próximas ações da área econômica. Afinal, os vetos são apenas parte de um contexto que precisa de mais avanços.
Na discussão sobre reforma administrativa, ainda há sombras, mas o fato de o PMDB aceitar o Ministério da Saúde – mas também quer a infraestrutura – indica que a presidente Dilma, pelo menos por enquanto, pode contar com o seu principal aliado. Mas tudo dependerá do tamanho da reforma do que será acordado com os demais partidos. Paradoxalmente, o PT é o que mais perde poder, embora os números indiquem que ficará do mesmo tamanho. A questão, porém, é o avanço peemedebista sobre pastas estratégicas.
Mas não há outro caminho. O Governo tem que ceder os anéis para não perder os dedos, uma vez que a tese do impeachment ainda não é uma peça arquivada, embora perca fôlego com a postura do PMDB. Com o dólar acima dos R$ 4, algo inédito na história do país, ainda há um longo caminho a ser trilhado.