O “sacrifício” do Governo


Por Marco Aurélio Lyrio Reis, juiz aposentado

22/09/2015 às 07h00- Atualizada 22/09/2015 às 09h02

O ministro Nelson Barbosa, do Planejamento, foi à televisão anunciar que “teremos que fazer sacrifícios” para a “travessia” que a “presidenta” planeja. A travessia será curta, e ela sabe como nos conduzir durante. Mas não soube prever os problemas que a originaram, mesmo com os muitos alertas que lhe foram dados. Os sacrifícios serão suportados pelos funcionários públicos, pelos pensionistas do INSS, por todos aqueles que se prepararam em cursinhos para os concursos que não mais ocorrerão, pelo povo em geral, mas não por aqueles que chefiam ministérios inexpressivos e desnecessários, não por aqueles que ocupam cargos de confiança e comissionados, que esses são preenchidos por indicação dos partidos e políticos que sustentam o Governo, “imexíveis”, portanto.

Qual será o “sacrifício” do ministro Nelson Barbosa? Será o de ter que expor a sua cara para falar em sacrifícios que não o atingirão? Qual será o “sacrifício” dos que integram o Governo? O de ter que participar de um embuste e compactuar com medidas de sacrifício para o povo, sabendo que o culpado de tudo isso que aí está nada sofrerá porque nem é o presidente do país, mas a “presidenta”? E qual será o “sacrifício” daquela que é a primeira e única responsável pelo descalabro atual, decorrente de sua inépcia ao postergar aumentos de tarifas de energia elétrica e retardar ajustes necessários nos preços de combustíveis?

Qual será o “sacrifício” a pagar por sua irresponsabilidade ao mentir descaradamente sobre a situação financeira do país que dirigia “pedalando”? Qual será o “sacrifício” a pagar por sua inapetência em governar seriamente e por sua gula, por manter-se no poder à custa do engodo, da mentira, do estelionato eleitoral?

Responsabilidades criminais precisam ser apuradas, e não está afastada a hipótese de uma providência de impeachment, instituto perfeitamente legal. Este caminho não resolverá a situação do país, mas punirá a dirigente que o conduziu, por suas atitudes levianas, até quase o caos. Responsabilização criminal e impeachment à parte, qual será o grande “sacrifício” a ser suportado pela “presidenta”? O encontro consigo mesma, o confronto com sua consciência? Penso que seria esperar muito de quem faz mea-culpa no condicional: “se eu errei, vamos consertar”. O verdadeiro “sacrifício” da “presidenta” será conviver, depender e curvar- se às determinações de seus aliados Renan “cabelo implantado” Calheiros, Eduardo “coisa ruim” Cunha e Michel “mordomo de filme de terror” Temer. Este, sim, será o grande sacrifício a ser suportado por Dilma.

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