This is hardcore

Por JÚLIO BLACK

Oi, gente.

Gostaria de pedir a atenção de vocês para falar sobre o Pulp, uma daquelas bandas que poucas pessoas conhecem por aqui, mas deveriam. É como se fosse um Picassos Falsos inglês perdido em nosso país tropical, com a diferença de que na Inglaterra o grupo tinha a popularidade de um Blur, Oasis ou Smiths – os Titãs e “Legiões Urbanas” da terra da rainha. Não sei se é a barreira da língua ou o fato de serem “ingleses demais” em suas canções, mas o fato é que o grupo de Jarvis Cocker nunca conseguiu ter por aqui a popularidade da banda dos irmãos Gallagher no seu auge ou a devoção incontida de um The Cure nos anos 80.

Como conselho a gente dá de graça nesta coluna e nem pede um cafezinho depois, recomendamos os dois trabalhos fundamentais do Pulp para o ah migo leitor e ah miga leitora entenderem as manhas dos ingleses. O primeiro é “Different class”, de 1995, e chegou a receber o Mercury Prize (O Grammy britânico) de melhor álbum do ano, vencendo os badalados “(What’s the story) Morning glory” e “The great escape” no auge da “batalha do século do britpop” entre Oasis e Blur. E o prêmio foi mais que merecido, porque “Different class” mostrava Jarvis Cocker e o Pulp no auge da forma musical.

A afiada e perspicaz percepção do jeito britânico de ser por parte do cantor e compositor resultou em pérolas como a faixa de abertura, “Mis-shapes”, e as 11 músicas seguintes. “Common people” e “Disco 2000” são aquelas canções pop perfeitas que muita gente tenta até hoje, sem sucesso, chegar perto, e o voyeurismo sinistro de “I spy” carrega aquela carga de tensão reprimida que faz dela uma das canções mais impactantes e sombrias dos anos 90, de um dramatismo e grandiloquência ímpares (bonito isso, não?).

Três anos depois, o Pulp voltou à carga com “This is hardcore”, outro tratado sobre a mente e o coração britânicos. Passando dos seis minutos de duração, a faixa-título é mais um daqueles momentos arrebatadores que fazem o conceito de “música pop” fazer todo o sentido do mundo. Mas ainda havia outras peças clássicas escondidas por ali, casos de “The fear”, “Party hard”, “Help de aged”, “I’m a man” e tantas outras.

Apesar de não lançar nada de novo desde 2001, ano de “We love life”, o Pulp – mesmo tendo surgido em 1979 – sempre vai ser lembrado como integrante daquela safra danada demais de boa (Radiohead, Manic Street Preachers, Kula Shaker, Supergrass, Suede e The Verve, além dos já citados Oasis e Blur) que fez o rock inglês dos anos 90 ser lembrado até hoje.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

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