O discurso da presidente Dilma Rousseff, pela internet, no dia 7 de setembro, teve um ponto que chamou a atenção por conta de uma nova postura. Ela admitiu, mesmo que por caminhos transversos, que cometeu erros, pois queria manter os empregos, e anunciou remédios amargos para recuperar a economia. Foi um avanço, mas não basta admitir se não houver vontade política para mudar. Enquanto o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fica por conta do remédio amargo, as demais instâncias de poder resistem à ideia, mesmo não apresentando outros caminhos. Os próximos meses serão emblemáticos, pois o Governo terá que fazer a sua parte. Os primeiros ensaios apontam para o aumento de tributos, como o Imposto de Renda, algo que a sociedade não está disposta a pagar sozinha ante as dificuldades que já fazem parte do seu dia a dia.
Até agora, Brasília não admite que alguns programas sociais serão comprometidos e que será preciso baixar os custos da administração. A redução de ministérios, anunciada no mês passado, subiu no telhado, uma vez que nem o PT, legenda da presidente, e nem os aliados, a começar pelo PMDB, estão dispostos a perder cargos no primeiro escalão. A definição dos cortes será, então, mais um problema a ser gerenciado com danos colaterais importantes, sobretudo entre os peemedebistas, que batem no cravo e na ferradura ao mesmo tempo. Há uma semana, o vice-presidente Michel Temer, sem meias palavras, disse que um governo sem popularidade não sobrevive; no domingo, ante a repercussão, disse que fica com a presidente até 2018. Mas não apontou em que condições.
O Congresso também precisa fazer a sua parte. Em sessões noturnas, segundo levantamento da própria Mesa Diretora, é gasto quase R$ 1 milhão em horas extras por conta dos 2.500 funcionários que ficam à disposição dos deputados além do expediente. A própria direção chegou à conclusão de que 500 são suficientes, dando uma média de um funcionário por deputado. É só agir.