Dia do Estudante na Pátria Educadora


Por Tribuna

11/08/2015 às 07h00

Carlos Magno Adães de Araujo, professor

A data de 11 de agosto é consagrada no Brasil aos estudantes. No Dia do Estudante, não temos, infelizmente, o que comemorar, sobretudo a partir dos anúncios de cortes astronômicos realizados pelo Governo federal este ano a fim de promover o ajuste fiscal e a retomada do crescimento econômico. “Cortar na própria carne” foi a expressão usada por representantes do primeiro escalão do Governo para justificar a necessidade de contenção de despesas. Ora, educação não é despesa, é investimento, sem o qual o país jamais deixará a periferia do sistema capitalista globalizado. Claro que sabemos que a questão dos investimentos em educação no Brasil não repousa na quantidade de recursos, mas na qualidade do uso que é dado a eles. Investimos mais comparativamente a alguns países desenvolvidos. Entretanto, alguns dados nos ajudam a refletir.

No Brasil, a escolaridade média é de apenas, aproximadamente, sete anos, ou seja, a maioria dos brasileiros não conclui sequer o ensino fundamental. Os jovens entre 18 e 24 anos no ensino superior não somam sequer 20% do total de jovens nessa faixa etária, muito diferente do que acontece, por exemplo, no Canadá, onde mais de 70% dos jovens nesse intervalo de idade fazem curso superior. Outros fatores, como a corrupção – que implica o desvio de recursos -, a desmotivação dos alunos, os baixos salários e a formação deficiente dos professores, também têm peso. Como é sabido, o magistério não atrai os “melhores cérebros”, que têm a oportunidade de passar em concursos ou seguir carreiras muito mais rentáveis e até motivadoras.

Não desconhecemos, todavia, os avanços alcançados nos últimos anos: mais crianças na escola, aumento dos anos de escolaridade, mais vagas e estudantes nas universidades, etc. O quadro pintado no parágrafo anterior era pior há duas décadas. Nosso objetivo, como educadores, não é criticar pejorativamente o status da educação no Brasil, mas tão somente chamar a atenção do leitor para a necessidade de avançarmos ainda mais, se pretendermos nos tornar um país desenvolvido. O Brasil está entre as dez maiores economias do mundo, embora esteja perdendo posições rapidamente, mas é o 85° colocado no ranking das Nações Unidas em termos de desenvolvimento humano, o que denota tanto os investimentos equivocados, e, em alguns casos, como o saneamento básico, insuficientes, quanto a enorme concentração da riqueza nas mãos de poucos. Assim, apesar da adoção do slogan “Pátria educadora” pelo Governo federal no fim de 2014, o cenário apresentado nesse Dia do Estudante é desolador, pois concretamente não há o que celebrar. A educação é a base indispensável para o desenvolvimento e a melhoria das condições de vida de qualquer povo, mas na Pátria Educadora parece ser mais interessante manter as massas ignorantes e alienadas da sua real condição. Tem sido assim há 500 anos.

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