Vigas expostas no Mergulhão

Marcas de impactos, possivelmente causados por veículos altos e pesados, são observadas na saída, no sentido Centro (Fernando Priamo/28-07-15)
A exposição de vigas em parte da estrutura do Mergulhão chama a atenção de quem passa pelo local. A situação é observada na saída da trincheira, na pista destinada aos carros em direção ao Centro, onde um pedaço de concreto está quebrado e o aço envergado. Não é possível saber o que causou o problema, mas presume-se que seja pela passagem de caminhões altos, que acabam atingindo a laje. A Tribuna mostrou fotografias feitas no local para o engenheiro civil Pedro Kopschitz Xavier Bastos, professor da disciplina materiais de construção da Faculdade de Engenharia da UFJF, que também foi conferir a situação in loco. Segundo ele, é possível notar a exposição do aço em duas regiões: “uma em que as barras aparecem por inteiro, onde não há mais concreto, com marcas de impactos possivelmente causados por veículos altos e pesados, e outra com exposição parcial, onde são visíveis sinais de infiltração de água. Nesta segunda região, já ocorre o início do processo de corrosão do material metálico”. Conforme o especialista, esta viga – e sua função estrutural – “está, certamente, comprometida”.
De acordo com o secretário de Obras, Amaury Couri, que também é engenheiro, o Executivo tem ciência do problema e aguarda a conclusão de um laudo, feito por especialista, para promover a correção, após análise realizada na terça-feira da semana passada. Ele reitera, no entanto, que não se sabe quem é o responsável pelo Mergulhão. “Deveria ser a MRS, quando adquiriu a malha da Rede. Mas eles já mostraram um documento provando que o Mergulhão não foi repassado. Na Prefeitura, também não encontramos nada que nos responsabilize por ele. Mesmo assim, vamos assumir o problema enquanto o corpo jurídico tenta identificar o responsável, que também pode ser o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).”
O secretário tranquiliza, garantindo que o problema não é estrutural, e a falha não resultará em consequências mais graves. “Aquela ferragem é muito densa, e o que quebrou foi parte do concreto armado. Claro que, qualquer ferragem exposta, com o tempo, pode causar riscos. Vamos arrumar para não chegar a este ponto”, informou, não querendo estimar um prazo para a correção: “Vamos aguardar o laudo e fazer o orçamento.” Kopschitz também disse que não é possível falar em risco imediato, já que o concreto armado é uma estrutura resistente que, para chegar ao rompimento, precisa estar completamente deteriorado.
A previsão é que seja necessária a interdição parcial no momento da correção. Mesmo assim, Couri disse que técnicas de engenharia permitem resolver a questão sem precisar escorar a laje. Desta forma, estima-se que apenas uma faixa de rolamento seja interditada. “Vamos fazer isso sem causar tumulto. Pode ser um sábado à tarde, domingo ou durante a madrugada.”
Obra de 1982
O Mergulhão foi inaugurado em 1982 pelo então prefeito Mello Reis e é importante acesso, via Avenida Rio Branco, entre bairros das zonas Leste, Nordeste e Norte com a Zona Sul e região central. Segundo o professor, estruturas de concreto armado, como é o túnel, têm vida útil entre 50 e cem anos, desde que promovidas manutenções periódicas.