A armadilha das calçadas
Recupero-me de uma cirurgia para corrigir três fraturas nos ossos da face causadas por uma queda desastrosa em uma das calçadas malcuidadas de nossa cidade. São inúmeras as armadilhas de acidentes em espaços destinados à circulação de público, espalhadas desde os locais de maior movimento nas vias centrais até os mais afastados.
Eu caí em uma delas, na Avenida Itamar Franco, há cerca de dez dias. E as consequências foram – além da dor e do afastamento de minhas atividades rotineiras – a mobilização de profissionais da saúde, que deveriam estar atendendo os casos inevitáveis.
Penso que as despesas com minha internação, exames clínicos, cirurgia e mão de obra (felizmente cobertas, por plano de saúde) deveriam ser rateadas entre a Administração Municipal e o proprietário do imóvel, que pouco caso faz com o seu passeio.
O primeiro como órgão fiscalizador relaxado, e o segundo por não cumprir as leis que estabelecem que é ele o responsável pela boa conservação da calçada em frente ao seu patrimônio.
Embora não haja um levantamento oficial, posso afirmar que os números de acidentados em nossas ruas e avenidas devem ser alarmantes, de acordo com informações obtidas na Santa Casa de Misericórdia, onde estive internado.
Recentemente, a Prefeitura fez uma blitz em estabelecimentos que oferecem refeições e lanches, cujo objetivo é defender os consumidores de doenças causadas pela deterioração de alimentos e falta de higiene em seus ambientes a partir das cozinhas. Dessa forma, a justificativa para essa louvável fiscalização serve também para motivar uma outra tão rigorosa para proteger os transeuntes de situações de perigo, até, à própria vida.
Enquanto isso não ocorre, fico torcendo para que as próximas vítimas sejam justamente os que deveriam cuidar do problema. Aí, garanto, pouco a pouco, veremos nossas calçadas mais seguras e mais transitáveis.