Cuidado da casa comum – II


Por EQUIPE IGREJA EM MARCHA, GRUPO DE LEIGOS CATÓLICOS

04/07/2015 às 07h00

A Equipe “Igreja em Marcha” apresentou a seus leitores a Encíclica “Laudato Si´” do Papa Francisco, logo após a sua publicação em 18/06/2015, destacando sua ampla aceitação, “um presente para a humanidade que deve alavancar ainda mais as discussões de todo o mundo sobre a urgência de preservação da natureza”. Devido à riqueza e à amplitude do documento, apresentaremos por hora apenas a sua introdução.

Embora seja a primeira encíclica papal sobre o meio ambiente, e, para além de sua novidade, o Papa Francisco procurou contribuições nos pronunciamentos de seus antecessores. Há exemplo da encíclica Pacem in Terris de João XXIII, a nova encíclica não se dirige apenas aos católicos, mas a todas as pessoas de boa vontade: “Agora, à vista da deterioração do ambiente, quero dirigir-me a cada pessoa que habita neste planeta” (Laudato Si´ 3).

Já na Carta Apostólica Octogésimo adveniens de Paulo VI, Francisco encontra referência à problemática ecológica, apresentada como uma crise de consequência dramática: “Por motivo de uma exploração inconsiderada da natureza, [o ser humano] começa a correr o risco de destruí-la e vir a ser, ele também, vítima dessa degradação” (Oa 21 apud LS 4).

João Paulo II, em sua primeira encíclica Redemptor hominis, advertia que o ser humano parecia “não se dar conta de outros significados do seu meio natural, para além daqueles que servem somente para os fins de uso ou consumo imediato” (Rh 15 apud LS 5) e convidava “a uma conversão ecológica global” (Catequese 4 apud LS 5).

Também Bento XVI, no Discurso ao Corpo Diplomático de 08/01/2007, convidava a “eliminar as causas estruturais das disfunções da economia mundial e a corrigir os modelos de crescimento que parecem incapazes de garantir o respeito do meio ambiente” (apud LS 6).

O Papa Francisco reconhece que “estas contribuições dos papas recolhem a reflexão de inúmeros cientistas, filósofos, teólogos e organizações sociais que enriqueceram o pensamento da Igreja sobre estas questões” e acrescenta que outras igrejas e outras religiões também contribuíram com valiosas reflexões sobre este tema, citando como exemplo o Patriarca Bartolomeu (LS 7).

Em seguida, o Papa faz uma referência a São Francisco de Assis, dizendo: “Não quero prosseguir esta encíclica sem invocar um modelo belo e motivador. Tomei o seu nome por guia e inspiração, no momento de minha eleição para Bispo de Roma. Acho que Francisco é o exemplo por excelência do cuidado pelo que é frágil e por uma ecologia integral, vivida na alegria e autenticidade. […] Nele se nota até que ponto são inseparáveis a preocupação com a natureza, a justiça para com os pobres, o empenho na sociedade e a paz interior” (LS 10).

Francisco nos dirige então um apelo: “O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar” (LS 13) e expressa um desejo: “Espero que esta carta encíclica, que se insere no magistério social da Igreja, ajude-nos a reconhecer a grandiosa, a urgência e a beleza do desafio que temos pela frente” (LS 15).

Para responder a esse apelo e a esse desejo do Papa Francisco, o primeiro passo é ouvir o que ele nos diz, lendo atentamente a sua carta encíclica e refletindo pessoalmente e em grupos sobre o que podemos e devemos fazer para maior cuidado com a nossa casa comum.

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