Por um novo modelo de transporte público!


Por Tribuna

12/06/2015 às 04h00- Atualizada 12/06/2015 às 09h04

Transporte público é dever do município. Explorar diretamente esse tipo de serviço não é tarefa simples; por esta razão, a Prefeitura, com vistas a atender melhor a demanda pelo serviço, o concede à iniciativa privada, obviamente, regulando-o e fiscalizando-o, afinal, o mais importante é atender com eficiência às massas em seus deslocamentos diários através do transporte público.

Subsídio ao transporte coletivo é uma das alternativas para manter o sistema adequado às condições econômicas da população. Essa é uma das sugestões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Mas, quando o preço da passagem sobe, a demanda de passageiros cai. Com isso, o sistema entra em um ciclo vicioso, ficando mais caro e transportando menos usuários. No Brasil, praticamente não há subsídio para o transporte público sobre pneumáticos. São Paulo é uma dessas exceções; lá, os subsídios da Prefeitura cobrem cerca de 20% dos custos do sistema. Em Curitiba, o Imposto Sobre Ser­vi­­ços (ISS) gerado pelo setor de transporte é reinvestido, o que é considerado uma espécie de incentivo.

Segundo Fábio Duarte, doutor em gestão urbana da Pontifícia Uni­versidade Católica (PUC-PR), com a falta de incentivos, existe tendência de que a qualidade do serviço diminua com o passar do tempo. “Para manter a margem de lucro considerada ideal, as empresas adotam milhões de estratégias com a intenção de cortar custos”, afirma. Por esse motivo, é cada vez mais comum observar, nas grandes cidades, micro-ônibus em lugar dos ônibus convencionais e funcionários com dupla função, dirigindo e cobrando passagens simultaneamente.

O município de Juiz de Fora não tem, absolutamente, a menor possibilidade de subsidiar o transporte público, entretanto, pode e deve ser mais rigoroso na concessão de gratuidades; quanto mais benesses, maior o ônus para os usuários pagantes. Com a licitação do transporte público em Juiz de Fora, o que nunca antes ocorreu, e dentro de uma perspectiva completamente nova, se tudo, de fato, for realizado como se prevê, o novo sistema poderá ser um dos mais avançados do país, o que coloca a cidade em uma nova rota capaz de propiciar ao povo um transporte de qualidade, moderno, eficiente e totalmente monitorado.

Não há dúvidas de que a possibilidade de licitar um sistema de transporte que funciona precariamente há mais de 60 anos é uma experiência corajosa, importantíssima e necessária, que projeta a cidade para além de suas fronteiras, desde que, obviamente, o projeto se realize integralmente e em prazo determinado.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.