Os heróis que transformam a dor em coragem


Por BRUNO LUIS BARROS, ESTUDANTE DE JORNALISMO

07/06/2015 às 04h00

Recentemente, eu voltei a acreditar que os super-heróis existem. Mas diferentemente da minha época de criança, hoje eu sei que eles não estão habituados a voar por aí ou trajar aquelas vestimentas que lhes são próprias, a menos que exista uma missão muito, mas muito especial para ser cumprida. Me refiro a Paula Chagas e Octavio Fernandes, os pais do pequeno Paulinho, de 5 anos, que voltou a lutar contra a leucemia no início de maio deste ano. A doença foi diagnosticada quando o garotinho tinha apenas 3 anos. Na época, para “salvá-lo” de uma internação, os pais tiveram a ideia de se vestirem como os personagens principais do filme “Os Incríveis”. Desde então, muitos outros heróis dos quadrinhos já bateram ponto nas altas hospitalares do menino.

Durante uma conversa no Hospital Monte Sinai com a mãe do Paulinho, tive a oportunidade de conhecê-lo brevemente. Quando cheguei, bati na porta do quarto, e quem me atendeu foi Octavio. Ele estava com um equipamento na mão que emitia luzes coloridas, e, após me identificar, ele disse bem-humorado: “Você quer participar da rave?”. Octavio me convidou para entrar no quarto. O menino estava deitado na cama e, entre sorrisos e gracejos e com um olhar puro de criança, ele brincava ao esconder e mostrar o rosto com o cobertor. De fato, os pais encontram, todos os dias, um jeito diferente de dizer ao filho que vai dar tudo certo, que tudo que ele está passando agora é momentâneo.

Sinceramente? Fiquei comovido ao saber que a campanha #JuntospeloPaulinho, criada pelos pais heróis, fez aumentar o número de cadastros de doadores de medula no Hemominas de Juiz de Fora. A iniciativa dos pais não aumenta as chances apenas do filho de encontrar um doador compatível, mas, também, de muitas pessoas que estão na fila de transplantes. Super-heróis de verdade são assim mesmo: andam por aí à paisana, e seus feitos heroicos não beneficiam somente os seus, mas fazem reacender a esperança em muitos corações aflitos. Eles, realmente, são ou não são “Os Incríveis”?

Posso afirmar que, assim como a Fênix renasce das cinzas, minha fé nos heróis ganhou novo fôlego ao conhecer pessoalmente os pais desse pequeno anjinho. É notório que Paula e Octavio encontraram na grandeza do amor que sentem pelo filho a força necessária para transformar a dor em coragem: uma tarefa árdua que só poderia ser executada por um super-herói e uma super-heroína. Logo, o sr. e a sra. Incrível não estão acostumados a baterem ponto só nas altas hospitalares do filho. Ainda que sem a devida vestimenta que possui as cores vermelha, preta e amarela, Paula e Octavio se comportam como heróis todos os dias, a cada hora, minuto, segundo. O imenso amor que sentem os sustenta; não os deixa sucumbir à dor. Por enquanto, Paulinho não pode desbravar o mundo com seus amigos, correr ou andar de bicicleta, pois ele tem a missão de combater um terrível inimigo. Seu codinome agora é Flecha, o filho do sr. e sra Incrível.

Caro leitor, o mundo carece de mais heróis. Então, faça a vida acontecer! Seja um doador de medula óssea.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.