Dia do Meio Ambiente


Por CARLOS MAGNO ADÃES DE ARAUJO, PROFESSOR DE GEOGRAFIA

05/06/2015 às 04h00

Desde 1972, por ocasião de uma conferência realizada na Suécia pelas Nações Unidas para debater e propor soluções para a problemática ecológica, o dia 5 de junho é celebrado como o Dia Mundial do Meio Ambiente. Em Juiz de Fora, não é diferente, e inúmeras ações estão sendo pensadas para que a data não passe em branco, embora seja um erro nos debruçarmos somente na semana do meio ambiente sobre uma questão tão urgente e que nos pede respostas imediatas. Efetivamente, as ações inerentes à semana deveriam se estender por todo o ano.

Em nossa cidade, a questão ambiental não é menos complexa, e, se houve avanços por um lado, também tivemos retrocessos por outro. Assim, nosso objetivo nesse espaço é tentar avaliar o saldo socioambiental do último ano.

A despoluição do Rio Paraibuna é, sem dúvidas, um marco histórico para o município, mas há controvérsias quanto à sua eficácia. Se inicialmente a ideia era tratar pelo menos 80% do esgoto, agora já se falam em 65%, mas as conexões clandestinas da rede podem tornar esse percentual ainda mais modesto. Quanto ao desmatamento, ele avança nos terrenos particulares, sobretudo em função da especulação imobiliária, que tem feito os moradores do entorno se mobilizarem e cobrarem respostas do Poder Público. Entretanto, não podemos omitir o projeto de reflorestamento levado a cabo pela Prefeitura na área urbana do município e nas adjacências das Unidades de Conservação, que inclusive foi elogiado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF).

A poluição atmosférica é outro problema, conforme revelem estudos conduzidos pelo Departamento de Geociências da UFJF. Com o aumento da frota em uma cidade com topografia irregular, a poluição aumenta em função da necessidade de circulação com marcha reduzida, a despeito de os carros modernos poluírem menos. As áreas verdes públicas do município também são poucas, mal distribuídas e apresentam problemas quanto à manutenção. O reinício das obras da BR-440 é outra questão polêmica, que provoca discussões acaloradas entre o discurso da necessidade de desenvolvimento, de um lado, e os impactos ambientais gerados pela obra na região da Represa de São Pedro, de outro.

Enfim, aqui não queremos apontar um culpado pelo saldo negativo que, por sinal, acabamos de esboçar. A ideia é informar e fomentar o debate sobre uma situação que está colocada e que exige de todos os atores envolvidos – Estado, iniciativa privada e sociedade civil organizada – respostas urgentes, para que, no futuro, ainda exista um Dia do Meio Ambiente para ser celebrado.

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