Ao infinito e além
Computadores e todos os seus aparatos e programas são bichos danados, quando teimam em fazer birra, não há ser humano que não perca a paciência. É assim: “deu pau”, não adianta insistir, socar o teclado, jogar o amigo eletrônico no chão. Tem que esperar. Desligar. Reiniciar. E respirar fundo. Em algumas ocasiões, nem isso resolve, e precisamos apelar para a sétima cavalaria: o cara da informática.
É essa entidade conhecedora de segredos tecnológicos que salvam nosso trabalho, nosso humor e, em casos extremos, nossa pele. Aqui no jornal temos um time deles, afinal são dezenas de computadores, e mesmo que cada um tenha uma área de expertise (software, hardware, engenharia de sistemas, paus gerais ou o que quer que seja), para ignorantes digitais como eu, eles acabam sendo generalizados como “caras da informática”, não por desmerecimento de suas habilidades, mas por minha incapacidade de descrevê-las.
O Octávio é um desses caras, que muitas vezes já salvou a lavoura eletrônica. Nas vezes em que veio à redação, já salvou muito nossa pele, domando programas que teimavam em desobedecer nossos comandos. Já atendeu a gente por Skype, dando orientação sobre algum problema, e já foi muito xingado em segredo quando suas instruções não faziam o sistema operar como esperávamos. Troquei só alguns punhados de palavras com o Octávio, além de “bom dia”,”boa tarde”, “esfriou, né?”, “Octávio, deu pau de novo!”. Fiquei extremamente comovida quando descobri, nesta semana que a grandeza do cara da informática transcende seu conhecimento técnico.
Ele é aquele pai que se vestiu de super-herói no leito do hospital do seu filho, o Paulinho, que tem só 5 aninhos e voltou a lutar contra a leucemia, diagnosticada quando ele tinha 3. Nesta semana, ele recomeçou a batalha, precisando agora de um transplante de medula, e descobri que “o cara da informática” era essa pessoa incrível quando o assunto ganhou a mídia novamente. Tive vergonha e tristeza por constatar que não sabia um terço dos demônios que o cara da informática enfrentava em sua vida longe dos computadores. Mas resgatei parte da fé da humanidade (que perco um pouco todo dia) ao ler que a campanha #Juntospelopaulinho fez os cadastros de doadores de medula saltarem de uma média de dez por dia para 70. (Você já se inscreveu? Eu sim!)
Quando olhar para o Octávio agora, saberei que ele, com ou sem máscara e capa, é um herói, daqueles que salvam muito mais que documentos perdidos em uma pane. Herói. Ele, Paulinho, e toda essa família. E como boa fã da cultura pop de raiz, sei que heróis têm suas facetas humanas: amam, sofrem, são falíveis. Mas, invariavelmente, são eles que salvam vidas e garantem, frente às adversidades, os finais felizes.