Tudo depende de nós!


Por LUIZ SEFAIR, COLABORADOR

05/05/2015 às 06h00

Quem pensa que a corrupção no seio da Administração pública brasileira teve início em data recente, das duas uma: ou se engana, redondamente, ou age de má-fé. A rigor, o Brasil sofre com a contaminação desse terrível e desastroso vírus desde a época do descobrimento. Isso, no entanto, não significa que não devamos lutar para extirpá-lo do nosso meio. Antes, ao contrário, temos que multiplicar os esforços objetivando sua redução drástica com o uso contínuo de medicamentos fortes e eficazes, a fim de que não fiquem vestígios de sua existência após sua extinção.

Contudo, tem que haver um esforço conjunto e permanente de toda a sociedade, que, como sabemos, apesar das aparências em contrário, é constituída na sua esmagadora maioria por pessoas de bem e do bem! Todos temos pressa, mas, a bem da verdade, não podemos atropelar os próprios passos desta longa caminhada, que, uma vez iniciada, não deve – sob quaisquer pretextos – sofrer solução de continuidade. Vale dizer: em momento algum, podemos esmorecer na luta ou afrouxar os esforços que já se iniciam objetivando a solução de tão antiga pendência.

Vamos ter que enfrentar muitos obstáculos pelo caminho e temos que estar preparados o suficiente para vencê-los! Mas, apesar de tudo, urge que estejamos plenamente conscientes de que a extinção plena desse terrível mal – que domina e contamina a Administração pública brasileira, a partir de cada município – não é tarefa fácil. Até porque isso não se faz da noite para o dia. A rigor, demanda um tempo não inferior a, no mínimo, 30 anos de trabalho intenso, diário e ininterrupto. Antes, porém, há que ser feita uma reforma que purifique o sistema de eleições a partir da democratização plena do processo de filiação partidária, que é, afinal, onde tudo tem início.

Urge que se faça uma reforma que estabeleça regras rígidas para evitar que pessoas de má índole, com vida pregressa suja, de natureza bandida, se filiem a algum partido político. Afinal, se é no momento em que o eleitor assina a ficha de filiação ao partido da sua preferência que se dá o início da sua vida política, é nesse instante em que o partido tem o dever patriótico de aprovar e/ou rejeitar sua ficha de filiação partidária. Vale dizer: se quisermos evitar que pessoas de mau caráter se candidatem a quaisquer cargos eletivos – de vereador a presidente da República -, tem que haver tratamento de choque. Tanto por parte da Presidência da República quanto do Congresso Nacional.

Logo, se nada for feito nesse sentido, o Congresso Nacional vai continuar abrigando deputados e senadores de índole e comportamento vampiro, como, a propósito, vem acontecendo, há décadas e numa escala sempre crescente. Vale dizer: se nada for feito para corrigir distorções como essa, o Congresso Nacional vai continuar desacreditado porquanto, na prática, vai continuar a ser visto como semelhante a um autêntico “Castelo de vampiros”, sempre pronto para sugar suas vítimas, que somos todos nós.

Cabe, pois, aos atuais deputados federais e senadores, o dever patriótico de corrigir distorções como essa! Caso contrário, caminharemos a passos largos rumo ao retrocesso, que, como sabemos, começa com manifestações das ruas defendendo a volta do regime militar com cerceamento das liberdades individuais. Evitar que tal aconteça constitui dever irrecusável de todos nós, indistintamente.

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