O amor ainda vale a pena?


Por TIAGO GUIMARÃES DE OLIVEIRA, PROFESSOR

14/04/2015 às 06h00

É notório que o mundo inverteu alguns valores. O que antes era considerado inerente ao ser humano, hoje parece ser uma raridade, e quem é possível de fazê-lo é digno de reconhecimento e aplausos. Constantemente, reflito a razão disso, o porquê de pessoas perderem aquilo que pode ser mais precioso, que é exatamente o amor que pode ter pelo próximo.

Há poucos dias, fez um ano que vivi com o meu filho, que na época tinha 5 anos de idade, um episódio que até hoje é refletido positivamente nas redes sociais. Em um domingo à noite, ao caminhar para nossa casa, meu filho avistou um homem dormindo debaixo de uma marquise. Quase que instantaneamente, ele me indagou o motivo de este estar naquele local.

Era o momento exato de passar para o meu filho aquele sentimento escasso no mundo. Conversamos sobre as diversas razões que poderiam levar alguém a ficar sozinho e a passar por aquela situação. Continuamos caminhando, quando ouço a voz: “Papai, mas ele deve estar com fome e com frio”. Como uma flecha que atingiu meu coração, perguntei ao meu filho: “O que você pode fazer por ele?”. Meu filho sugeriu que preparássemos um lanche e oferecêssemos àquele homem. Confesso que era isso que queria ouvir dele.

Ao chegarmos em casa, peguei os ingredientes necessários para uma boa refeição e os entreguei ao meu filho. Pedi que ele preparasse. Com um enorme sorriso no rosto, meu filho preparou cada detalhe. Antes de retornarmos para a rua, a pequena criança, com muitas lágrimas nos olhos e com seu cobertor predileto nos braços, me disse que o homem deveria estar com frio, mas que aquela era a coberta predileta dele. Indaguei o que seria o certo a se fazer, sendo que, para minha surpresa, ele disse: “Papai, ele precisa mais que eu”. Deixei até o último momento ele sentir o amor de dar o que tem pelo próximo, porém, antes de partir, peguei outro cobertor e expliquei que, se cada um desse um pouquinho do que tem, isso já seria o bastante para quem não possui. Passamos alguns minutos com aquele morador de rua, conversamos, rimos, conhecemos a sua história e aprendemos que o amor ainda vale a pena!

Passamos pela Páscoa, onde um Homem morreu por quem nem ao menos conviveu na terra com Ele. O amor ainda vale a pena.

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