Falta de medicamento oncológico na Farmácia de Minas suspende tratamento de pacientes em Juiz de Fora

Tratamento com Pembrolizumabe é obtido por via judicial e tem ciclo de aplicação de 21 dias; neste mês, pacientes não tiveram acesso ao medicamento pelo SUS


Por Elisabetta Mazocoli

15/05/2025 às 15h18- Atualizada 15/05/2025 às 16h36

farmacia de minas
Medicamento oncológico não chegou na Farmácia de Minas em maio (Foto: Leonardo Costa)

O medicamento oncológico Pembrolizumabe, conhecido como um dos mais eficientes para imunoterapia, está em falta na Farmácia de Minas, em Juiz de Fora. De acordo com relatos enviados por usuários do Sistema de Saúde Único à Tribuna, os pacientes que precisam do tratamento obtido por via judicial devem fazer o ciclo de aplicação a cada 21 dias. Neste mês, no entanto, os pacientes receberam a notícia de que o medicamento não foi fornecido à Farmácia de Minas, e ainda não há previsão de regularização fazendo com que tratamentos precisem ser interrompidos de forma brusca.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) por meio da Superintendência Regional de Saúde (SRS), responsável pelo abastecimento, informou, apura a falta do medicamento Pembrolizumabe com o Nível Central, e solicita dilação do prazo.

Esse é o caso de F.C., de 48 anos, que optou por não ser identificada na matéria. Ela buscava o medicamento para o pai, de 82 anos, que tem melanoma em metástase. Ele começou a fazer o tratamento em fevereiro e iria entrar no quinto ciclo, mas quando foi fazer a aplicação, marcada para a última quarta-feira (14), recebeu a notícia de que o medicamento estava em falta. “É uma luta para conseguir esse medicamento, temos que mobilizar vários documentos, esperar aprovação e é um trâmite lento. Pela primeira vez, o medicamento está em falta, e não conseguimos uma previsão de fornecimento”, relata. 

medicamento em falta arquivo pessoal
Farmácia de Saúde comunica medicamentos em falta por escrito no local e não atualizam pacientes por telefone ou por outro meio (Foto: Arquivo pessoal)

Fora do SUS, o medicamento custa de R$ 30 a R$ 50 mil a dose, fazendo com que, conforme ela relata, seja inviável conseguir o tratamento de forma particular. Sem conseguir saber quando o pai conseguirá dar continuidade ao tratamento, ela afirma precisar ir todos os dias até a farmácia para verificar se o medicamento já chegou. 

“Perguntei se podemos fazer esse monitoramento por telefone e não pode, porque não tem telefonista na Farmácia de Minas. Com isso, temos que ir todos os dias para ver se o medicamento chegou ou não. É um completo descaso. Além da situação gravíssima que é interromper um tratamento oncológico”, destaca.

Conforme a SRS, a farmácia disponibiliza atualmente os seguintes canais de atendimento a distância: e-mail ([email protected]), o MG APP (onde os medicamentos do CEAF podem ser consultados) e o fale conosco (https://www.saude.mg.gov.br/fale-conosco). “Em relação a falta de telefonista, está em resolução interna”, informa a nota.

Desabastecimento

Em fevereiro deste ano, a Tribuna registrou que o estoque da farmácia estava zerado em relação a mais de 40 medicamentos essenciais para os usuários do SUS. Conforme a versão atualizada de 2024 da Relação de Medicamentos Essenciais do Estado de Minas Gerais, o Estado deve fornecer 681 medicamentos para diversos tratamentos, além de 30 fitoterápicos, mas alguns desses medicamentos não estavam sendo disponibilizados regularmente, prejudicando o tratamento de diversos pacientes.

Na ocasião, a Tribuna registrou a escassez de remédios como Alenia, utilizado no tratamento da asma; Forxiga, indicado para diabetes; Dapagliflozina, para doenças renais; e Symbicort, prescrito para pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e asma moderada a grave. O medicamento oncológico em questão, no entanto, ainda estava sendo oferecido à época.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.