Não quero comprar a Cemig para privatizar, diz Lula em entrevista a rádios de Minas
Presidente reforçou ainda o “sonho” de que Rodrigo Pacheco seja governador de Minas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta quarta-feira (5), que não pretende privatizar a Cemig caso o Governo de Minas Gerais a ofereça à União como forma de abater parte de sua dívida. Lula disse, apesar disso, que há “outras empresas que podemos fazer (a privatização)”.
Lula deu entrevista às rádios Itatiaia, Mundo Melhor e BandNewsFM BH, de Minas Gerais, na manhã desta quarta.
“Se a Cemig é importante para o povo mineiro, você acha que vou assumir a responsabilidade de assumir a empresa para privatizá-la? Se é para privatizá-la, que Minas Gerais a venda, pague o Governo e depois privatizam. Mas eu não vou fazer isso. E tem outras empresas que podemos fazer. Mas queremos analisar cada empresa, caso a caso”, declarou.
Na época da aprovação do programa de pagamento de dívidas dos estados com a União (Propag) no Senado, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou, em entrevista coletiva, que pretende aderir ao programa e pagar uma parte da dívida com a União, cedendo a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig).
Segundo o governador, atualmente, a dívida de Minas é de aproximadamente R$ 165 bilhões. O estado possui 487,5 milhões de ações da Cemig e 190,2 milhões de ações da Copasa. Com o valor de cada ação da primeira girando em torno de R$ 11,40, e da segunda, R$ 22,10, a cessão das duas empresas poderia representar aproximadamente R$ 10 bilhões de abatimento na dívida, ou seja, cerca de 6% do valor total.
Já a Codemig, que se dedica à exploração de nióbio, poderia valer até R$ 60 bilhões, de acordo com declaração do presidente, Sérgio Lopes, em junho deste ano, ao jornal O Tempo. Dessa forma, no total, cerca de 42% da dívida poderia ser liquidada.
Silveira ministro e Pacheco governador
O presidente também afirmou que o ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira “será mantido ministro”. Lula elogiou Silveira e disse que ele é um “ministro excepcional”.
Lula disse, ainda, que vai depender do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) decidir se quer ser ministro do Governo Federal e se quer ser candidato ao Governo de Minas Gerais.
“Se eu falar para você que eles vão ficar, você vai dizer que Lula não faz mudança no Governo. Mas posso te dizer que meu sonho com o Pacheco é mostrar a ele que ele é a figura pública mais importante de Minas Gerais e que se ele quiser ser o candidato a governador ele poderá ser o futuro governador. É só ele querer para a gente trabalhar para ele ser eleito. Ele vai ter que decidir”, afirmou.
Lula disse que pretende se reunir com Pacheco e com integrantes do PSD depois das férias que o senador pretende tirar. Afirmou que não há pressa para esse encontro, mas que o PSD terá de “demonstrar o que tem”. Ao citar as pastas ocupadas pela legenda, se confundiu e disse que o partido tem o Ministério do Turismo (na verdade, a sigla ocupa o Ministério da Pesca).
Lula completou dizendo que se o ex-presidente do Senado declinar do convite para ser candidato ao Governo, o Palácio do Planalto terá de pensar em alternativas para a disputa em 2026.