O Sincerão desta segunda-feira (27) ainda não foi capaz de mudar a opinião pública a respeito da atual edição do Big Brother Brasil (BBB). A temporada 25, que teve um início rapidamente bom, se perdeu e não conseguiu se reencontrar. Apesar de alguns momentos de tensão – praticamente obrigatórios pela dinâmica -, parece que nada acorda os participantes.
Na hora de se posicionar ao vivo, os brothers e sisters se impõem mais. De qualquer forma, esse “mais” ainda é pouco. Sempre que alguém começa a abordar qualquer ponto minimamente negativo, a fala é seguida por um “mas”, “não exatamente assim”, “não dessa forma” ou outras formas de amenizar e se indispor menos. A conclusão é que as pessoas mais vigiadas do Brasil querem focar apenas no jogo interno, enquanto deixam o externo de lado.
Para não distanciar muito no tempo, o BBB 24 (um dos maiores da história) ainda entregava conflitos após o Sincerão. Saudades dos embates de Davi com Leidy Elin e Bin Laden, que continuavam por horas e, às vezes, até dias depois da dinâmica. Não fosse esse momento nas noites de segunda-feira, não teríamos a maravilhosa pergunta “quem é você, verde desse jeito?” proferida pela mineira Giovanna a Beatriz. Por um lado, falta consequência – da produção. Por outro, falta atitude – dos participantes. Misture os dois e encontre a fórmula da felicidade.
Big Emoji Brasil
As revoluções tecnológicas estão fazendo mal para o BBB. Pense na contemporânea técnica de flerte em redes sociais: a pessoa prefere reagir, com um emoji, à publicação de uma outra que lhe interessa, ao invés de falar pessoalmente ou iniciar uma conversa – tanto olho no olho como chat com chat.
Na casa mais vigiada do país não é diferente. Parece que a comunicação (quando há qualquer mínimo descontentamento) acontece da mesma forma: via emojis no Queridômetro. Acha que tal participante foi falso? Emoji de cobra. Quer colocar uma pessoa no paredão? Emoji de alvo. Acha que o brother ou a sister não faz nada na casa? Emoji de planta.
Além deste bravo ato de se posicionar, como uma pessoa solteira que quer flertar no mundo virtual e acredita fielmente que uma reação diz mais que duas palavras, o importante, ao que tudo indica, é falar para que o público ouça – pena que isso acontece pelas costas do outro. Quem assiste ao programa quer que o que está entalado seja dito na cara, olho no olho. Ninguém quer assistir a fofocas por trás. Já basta na vida real.
Isso não é uma crítica à dinâmica de emojis, que já rendeu entretenimento em edições passadas. Como não lembrar, no BBB 20, de quando Mari Gonzalez questionou quem deu emoji de vômito a ela, quando o responsável, Babu Santana, estava na sala e admitiu na mesma hora?
Não há necessidade de se entregar sempre, até para gerar um clima de mistério, em que muitas pessoas podem ter tomado a atitude e gerar diversos pensamentos na vítima. Contudo, se reduzir a essa forma de comunicação é tirar a espontaneidade de uma discussão verbal. Pode se tornar até uma briga infantil, e isso é tudo o que o público não quer. Cada vez mais torna-se necessária uma “dica” de Tadeu ao entrar ao vivo com os participantes: equilibrem o jogo interno com o jogo externo.
*Sob supervisão da editora Cecília Itaborahy