Temperaturas quebram recorde de calor
De acordo com a ONU, 2024 foi o ano mais quente e não haverá novidades se no ano que vem esse recorde de calor for batido
O ano de 2024, ora na sua etapa final, vai quebrar o recorde de calor. Será o mais quente desde o início dos registros. As temperaturas extraordinariamente altas devem persistir pelo menos até os primeiros meses de 2025. A constatação é do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia. As temperaturas médias globais excederão 1,5 graus Celsius acima do período pré-industrial entre 1850 e 1900.
Os dados não surpreendem diante da constatação diária de que o clima está fora da curva, e não é de hoje. Antes desse recorde, o ano mais quente havia sido em 2023. Agora, precisamos avaliar as consequências certamente prejudiciais, começando pelo aumento do volume do mar devido ao derretimento acelerado das geleiras.
O anúncio ocorreu duas semanas após a ONU ter concluído negociações que resultaram em um aporte de US$ 300 bilhões para o combate às mudanças climáticas. A despeito de tal montante, os países mais pobres consideram-no insuficiente para cobrir os custos crescentes dos desastres relacionados ao clima.
A questão central não é o destino dos recursos para o enfrentamento aos desastres provocados pela mudança climática. É preciso investir em ações preventivas, que reduzam a possibilidade de tais fenômenos. Enquanto não forem implementadas medidas que atuem nas causas, focar apenas as consequências será uma demanda permanente e em crescimento. O desequilíbrio climático vem se acentuando no decorrer do tempo, não bastando, pois, atuar apenas na contenção de danos.
O derretimento das geleiras, de acordo com as previsões, colocará em risco populações inteiras das orlas e dos países que estão abaixo do nível do mar. Os diques, que controlam a vazão de águas, são insuficientes. Algumas ilhas, hoje paraísos turísticos, simplesmente vão desaparecer. O Brasil não está fora dessa lista, bastando ver casos de cidades do Nordeste que já registram erosões. No Sul do estado do Rio de Janeiro a situação se repete.
Ainda assim, o número de incrédulos é expressivo, a começar por lideranças do porte do futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele é um cético sobre o fenômeno e vai pelo caminho inverso de reforçar as políticas de exploração do petróleo. Tal matriz energética contribui significativamente para o efeito estufa.
E Trump não está sozinho. O presidente da Argentina, Javier Milei, também colocou em dúvida o debate climático, somando-se ao dirigente americano. Como já foi apontado nesse mesmo espaço, até o Brasil – um campeão nas ações de defesa do clima – tem seus pecados ao admitir a exploração do petróleo na Amazônia. As consequências da exploração de petróleo na maior floresta tropical do planeta não são claramente compreendidas, permitindo diversas especulações.
Clima extremo tem outras consequências. Na Europa, a Itália passa por um ciclo de seca inédito em sua história, enquanto na América do Sul – o Rio Grande do Sul foi o principal caso – as enchentes foram devastadoras. Os pesquisadores indicam que no Nepal e no Sudão o fenômeno também se faz presente.
Em junho deste ano, pelo menos mil pessoas morreram durante a peregrinação a Meca, a cidade sagrada dos muçulmanos. As temperaturas ultrapassaram os 50 graus.
Se nada for feito, a situação só vai se agravar: chuvas em demasia e secas intermináveis.