O PT se reinventa
“Lula precisa descobrir, o quanto antes, como retomar este contato com a massa trabalhadora e com a classe política”
Com a derrota nas eleições municipais, o PT precisa acordar para 2026, caso queira mesmo que o presidente Lula seja candidato a mais um mandato, disputando a terceira reeleição. Hoje, mostram as pesquisas e dizem os chamados “cientistas políticos” Lula se reelegeria. Mas – em política e na vida tem sempre um mas- se não houver mudanças no governo e no partido, ninguém pode apostar no que ocorrerá em 2026.
Lula tem sido aconselhado a fazer uma reforma ministerial e, até mesmo, a reduzir o número de ministérios. Lula independe do PT – do qual é muito maior- mas ninguém é candidato sem uma estrutura política por trás. Daí a necessidade de pensar na recomposição da legenda. O partido, tão ativo e forte durante décadas, esvaziou, sumiu desde que os sindicatos também perderam sua força política e deixaram de ser o elo da legenda com os trabalhadores. Esta ligação sindicatos/partido é o que fazia a força política do PT.
Lula precisa descobrir, o quanto antes, como retomar este contato com a massa trabalhadora e com a classe política. Lula sabe – ou pelo menos sabia – magnetizar a massa operária e, com isto, arrastava a classe política e a população como um todo. Visivelmente, embora ainda líder, perdeu a maior parte de seu encanto. No mundo político um encantado que se explicava por sua capacidade de falar “no ouvido certo” dos parlamentares.
Hoje, com o orçamento secreto que Bolsonaro desavisadamente entregou aos parlamentares, Lula, e qualquer outro, perdeu espaço de manobra política. Como restaurar isto, ele precisa começar a pensar logo. Acredito que um caminho seja ouvir mais seus ministros, como Alexandre Padilha – que anda meio queimado no PT- ,Fernando Haddad, Helder Barbalho, Alexandre da Silveira, entre outros. E com os deputados petistas, como Reginaldo Lopes, de cabeça boa e leal ao presidente. Mas é conversar e começar a agir caso, claro, queira mesmo tentar um novo mandato. Ou quem sabe, lançar um nome que o represente na disputa contra um monte de candidatos da direita. Dificilmente contra Bolsonaro, como eles queriam.
Mas Lula, se quiser mesmo voltar ao lugar de líder político no país, precisa abandonar seu projeto de líder mundial.
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