Outubro Rosa: oncologista da Clínica Oncosinai elenca pilares do tratamento do câncer
PUBLIEDITORIAL
Especializada em aconselhamento oncogenético, Mariana Abad também fala sobre novas tendências da medicina e formas de prevenção
A oncologista da Clínica Oncosinai, Dra. Mariana Abad, deu entrevista à Rádio Transamérica, na última segunda-feira (21), para falar sobre prevenção e tratamento do câncer de mama.
A médica do centro de oncologia do Hospital Monte Sinai reforça que é possível prevenir o desenvolvimento do câncer de mama mudando hábitos de vida, principalmente os relacionados a fatores de risco já conhecidos pela população: praticar atividade física regularmente, manter o peso adequado, ter uma alimentação saudável e outras diversas mudanças no dia-a-dia diminuem o risco ou evitam o câncer.
Doença genética
Ela rechaça o pensamento de que muitas pessoas podem ter de que elas próprias nunca serão acometidas pela doença, sendo que uma em cada dez mulheres pode ter o câncer de mama. Além disso, cita que o dia-a-dia do consultório tem sido de mulheres mais jovens com câncer: “A nulípara que a gente fala, que nunca teve filhos, nunca engravidou, também é um fator de risco. Uma primeira gestação tardia, tudo isso é fator de risco porque altera a parte hormonal, e a grande maioria dos tumores de mama tem relação hormonal. Pra mim, é um conjunto de fatores”.
Demonstrando o panorama com outra estatística, Mariana frisa que o câncer tem total relação, e é sabidamente uma doença genética, e esclarece: “Existe uma diferença entre genética e hereditariedade. Essa hereditariedade é aquela história familiar que tem uma alteração que passa de geração em geração. Isso é em torno de 10 a 15% dos casos de câncer”.
“E, apesar de se ter conhecimento que existe uma alteração familiar, que eu carrego ela comigo, que aumenta o meu risco de câncer de forma drástica, tem diversos estudos mostrando que a melhora da qualidade de vida e a diminuição dos fatores de risco são preventivos mesmo assim”, tranquiliza.
Aconselhamento oncogenético
Mariana Abad é especializada no aconselhamento oncogenético, e explica como funciona: “Começa numa consulta pré-teste, em que a gente vai avaliar a história pessoal e familiar, neste caso, de câncer, e vai tentar entender se, com aquelas informações, tem ali um caso que pode ser hereditário. A partir daí, com uma compreensão muito boa do paciente sobre o teste, sobre as consequências dos resultados, e sobre quais são os possíveis resultados, a gente vai indicar e fazer o teste, que pode ser por sangue ou saliva, super simples”.
Na consulta pós-teste, o resultado é passado ao paciente e, a partir daí, é traçada uma conduta individual. “Para cada pessoa, a gente vai traçar uma conduta, mesmo que seja a mesma alteração, porque vai depender da sua idade, dos seus desejos, do que você já fez e ainda não fez, de quais são seus riscos, enfim”.
Depois disso, são realizadas consultas regulares, de tempos diferentes, para traçar e seguir essa conduta preventiva. Ela lembra: “Quando a gente fala de prevenção, não é só não ter a doença. A gente fala também de prevenção quando tem o diagnóstico precoce”.
Segundo ela, na maioria dos casos, o diagnóstico precoce é igual a cura e, por isso, é chamado de prevenção secundária.
Pilares do tratamento
Ainda que, com todos esses cuidados, o câncer se manifeste, a doutora lista três pilares para que o paciente observe, para ter certeza de que o tratamento será conduzido da melhor forma possível;
O primeiro é a relação médico-paciente, para que haja compreensão de tudo e as coisas sejam bem encaminhadas e seguidas, o que só será possível com confiança no profissional.
O segundo é a interdisciplinaridade que o próprio Oncosinai oferece, com uma equipe de diversos profissionais, de diferentes áreas, atuando juntos e se comunicando sobre cada caso: “Eu tenho meu médico, mas preciso de outras especialidades médicas. Tem que haver associação da fisio, fono, nutricionista, enfermeiro, com uma consulta pré, e associar isso tudo”.
E o terceiro ponto fundamental é que o tratamento permita também ter qualidade de vida, com um conjunto de fatores sempre pensando no bem estar.
Novos tratamentos
Por fim, a entrevistada reforça a importância de que a medicina e a oncologia venham, cada vez mais, individualizando os tratamentos, sejam eles medicamentosos, cirúrgicos, observacionais, radioterápicos, pois o mesmo procedimento não necessariamente responderá da mesma forma para todos os pacientes.
Ela compara os múltiplos tratamentos do câncer à robótica, em termos de Inteligência Artificial, com relação ao que há de mais evoluído hoje em dia: “Cada vez mais medicamentos novos, com ações diferentes. Se falou muito, recentemente, na imunoterapia. É um tratamento que está mais direcionado às células imunes, então tem uma resposta melhor para determinados pacientes”.
Ela finaliza lembrando que no Outubro Rosa também se fala do cuidado paliativo, não só para casos terminais, mas também para pacientes com um diagnóstico de que não há cura, mas vão viver muitos anos e que precisam ter qualidade de vida: “A oncogenética pode direcionar não só a prevenção, mas o tratamento, que a gente chama de farmacogenética”.