Concerto no Cine-Theatro Central reflete sobre como mulheres são retratadas na música
“Ecos” é o concerto de formatura da cantora, coralista e percussionista Júlia Salles; entradas são gratuitas
O concerto “Ecos” chega ao Cine-Theatro Central para refletir sobre como as mulheres são retratadas em óperas, fazendo uma viagem pelo tempo e por diferentes canções. A apresentação é o recital de formatura de Júlia Salles, cantora, integrante do Coral da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e percussionista do grupo Ingoma. O evento acontece nesta quarta-feira (25) e tem entrada gratuita. Os convites são distribuídos na recepção, das 9h às 12h e das 14h às 17h.
O recital é exigido como trabalho final da graduação em Música. Para sua apresentação, Júlia buscou pensar em um tema com o qual tivesse uma identificação especial. Por isso, optou por cantar músicas eruditas e populares, falando sobre como as mulheres são representadas nesse meio. Quando se aprofundou no tema, teve uma surpresa: “Eu me deparei com uma infinidade de personagens femininas que sempre morriam no final, e essas mortes sempre estavam relacionadas com um homem”, conta.
O livro “A ópera ou a derrota das mulheres”, de Catherine Clément, fo
i essencial para guiá-la no processo de entendimento das representações. “A autora indica que, apesar das estrelas serem as mulheres, o que movia a história era o amor. Mas quem ditava os acontecimentos desse amor era o homem”, destaca.
Apaixonada pela capacidade cênica dessas mortes, assim como pela importância e beleza dessas músicas, surgiu o concerto “Ecos”. “Vou dar voz e deixar ecoar os cantos dessas personagens”, adianta. O concerto apresenta, então, Tosca, Dido, Carmen e Zerlina (essa última sendo a primeira a não morrer).
Na segunda parte, o concerto se volta para a música popular, passando por “Geni e o Zepelim”, de Chico Buarque, “Triste louca ou má”, de Francisco el Hombre, e “Mulher do fim do mundo”, de Douglas Germano. Apesar de serem personagens bem diferentes, a apresentação busca contar uma história relacionando todas elas – inclusive a partir das mudanças em relação a como essas personagens eram moldadas.
“Todas as canções serão em português, fiz versões brasileiras de todas as áreas eruditas e isso, junto com a encenação e com os figurinos, vai facilitar a compreensão e o envolvimento com essas músicas e histórias”, avalia.
Arranjos e junções diferentes
O concerto reflete a trajetória da artista, com sua formação acadêmica e erudita. Também traz o contato com o popular, por meio dos arranjos para coro, com a experiência que teve de produzir os espetáculos do coral e a partir das músicas e tambores do Ingoma. “Acho que eu não apresentaria tantas músicas diferentes se eu não tivesse cantado, me apaixonado e passado por esses grupos”, revela.
O trabalho é orientado pela professora e cantora Taís Vieira e conta com o canto de Thales Tácito, a participação da dançarina Sibelle Pezarini, a percussão de Rick Guilhem, a presença das pianistas Nariá Assis e Juliana Costa, além de um coro montado especialmente para o recital. Há, também, a presença do Ingoma, do poeta Vitu Marcs e da cantora Ágata Avelar.
O público, então, pode esperar se deparar com músicas de ópera de uma forma diferente, dessa vez com uma atenção maior à letra (especialmente focando no fim das personagens), experienciando áreas de ópera misturadas com toques de tambor e até da dança. “Vai ser uma noite especial”, define.