Melhor alegria
“A arte parlamentar, sim, é a dos acordos, mas a arte da política devia ser de mais ação em prol de quem mais precisa, de quem vive à margem da vida e das cidades.”
A política está chata, muita briga pela internet e pouco sendo resolvido de fato. É um “nós contra eles” que não leva a nada, a não ser a brigas entre amigos e familiares. Enquanto isso, as verbas continuam rolando para as campanhas eleitorais e destinos desconhecidos.
O povo, usado como massa de manobra, acredita em berros, falta de educação e respeito por parte de candidatos e políticos eleitos, e assim reproduz na rua também, só não percebe que os seus anseios estão diluídos, assim como o princípio ativo nas preparações homeopáticas, e que dessa forma nunca será satisfeito, porque é até esquecido, escondido em retórica.
Já estamos fartos de ofensas morais entre parlamentares, já estamos fartos de falatório sem resultado algum, já estamos fartos da boa vida que levam os detentores de mandatos enquanto aqui embaixo falta o mínimo necessário, o asfalto está ruim, a coleta de esgoto não é para todo mundo, sem contar saúde e a educação, que cada vez mais vão descendo a ladeira.
Pode ser que desejem o povo cada vez mais ignorante, para dar privilégios ainda maiores a quem já tem todos. É preciso promover a igualdade real de oportunidades, que os alunos vindos de escolas públicas consigam concorrer em pé de igualdade com quem vem do ensino privado. Não é utopia, pode ser alcançado, desde que os gestores e demais atores queiram, mas cortam verbas da educação, nunca das emendas parlamentares com as quais os deputados mantêm seus currais eleitorais.
Política devia ser feita com alegria, como um propósito de vida de quem está nela e faz dela sua profissão, mas entra mandato e sai mandato, as mesmas pessoas, trocam-se poucas peças, e tudo continua na mesma, muita conversa e pouca ação. A arte parlamentar, sim, é a dos acordos, mas a arte da política devia ser de mais ação em prol de quem mais precisa, de quem vive à margem da vida e das cidades. Mas é preciso manter a influência, dar o mínimo como se fosse um favor e não a obrigação de um gestor público detentor de mandato.
A maior parte dos candidatos a vereador, de Juiz de Fora ou de outra cidade qualquer, mal sabe o que faz um vereador, mal conhece o seu município, estão candidatos para assegurar que os cabeças de chapa sejam eleitos, ou seja, contribuem para que o quociente eleitoral seja atingido com seus poucos votos e poucos recursos para a campanha, reproduzem lemas vazios: “saúde, educação e segurança”, mas não têm um plano de mandato sequer a executar, caso sejam eleitos, e assim seguem direto para a boca do leão, sem perceber que serão engolidos.
Efeitos da política feita de cima para baixo, onde os poderosos, os caciques partidários, mandam, e a militância obedece. Adestrados demonstram fidelidade, e em troca não recebem fidelidade alguma, são apenas números para engordar as fileiras partidárias em busca de mais e mais recursos públicos.
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