Produtores mineiros de queijo ganham prêmios em concursos nacionais
Ganhadores fazem parte do Projeto Queijo Minas Legal, que tem o objetivo de apoiar produtores locais e regularizar queijarias
O setor de produção de queijo em Minas Gerais tem se destacado e ganhado prêmios em concursos nacionais. A exemplo disso, a queijaria Pingo de Amor, de São Roque de Minas, levou ouro no 3º Mundial do Queijo do Brasil 2024, em São Paulo, além de dois ouros e duas pratas no prêmio Queijo Brasil deste ano, em Santa Catarina. Já o Queijo Seu Jorge, de Ritápolis, conquistou o 3º lugar no 2º Concurso Regional do Queijo Minas Artesanal do Campo das Vertentes. Além dessas, outras 17 queijarias beneficiadas pelo projeto Queijo Minas Legal também ganharam premiações. Os avanços do projeto foram apresentados durante uma reunião no Procon-MG, órgão do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). O número de queijarias regularizadas saltou de 21 em abril para 78 em agosto.
Na família da Maria Lucilha, de São Roque de Minas, a história com o queijo já atravessa cinco gerações. Ainda criança, ela ajudava os pais e avós nas etapas da produção artesanal. Por falta de recursos, a família precisou interromper a atividade. Em 2012, Lucilha resolveu resgatar a tradição e retomou o processo.
“Começamos com o que tínhamos em mãos na época — algumas vacas, duas filhas e um sonho de produzir queijo de qualidade com valor agregado”, conta. De lá para cá, foram muitos desafios e alguns bons encontros que ajudaram a alavancar a produção. No ano passado, Lucilha conheceu a Emater e teve acesso ao projeto Queijo Minas Legal.
Em menos de um mês, a produção da queijaria Pingo de Amor passou de 15 para 50 peças por dia. Lucilha saiu da clandestinidade, regularizou a queijaria e conquistou o selo SIM (Serviço de Inspeção Municipal). “Hoje só eu estou cuidando da queijaria, trabalhando com o melhor leite vindo do curral, diminuindo perdas e agregando sabor e valor”, comemora.
Vera Lúcia, de Ritápolis, que representa o Queijo Seu Jorge, também faz parte dessa história. A produção de queijo é uma tradição das mulheres de sua família, iniciada por sua avó Mariazinha. O legado familiar ganhou força com o apoio do projeto Queijo Minas Legal. “O Queijo Seu Jorge surgiu a partir do desejo da minha sobrinha Gabriela. Ela herdou o talento de minha avó Mariazinha, que fazia queijos muito apreciados. Gabriela começou a pesquisar sobre o assunto e matriculou-se em alguns cursos. Hoje, somos muito gratas a todos os funcionários que prestam um trabalho relevante de qualidade e eficiência”, afirma Vera.
Queijo Minas Legal
Desde 2022, o projeto Queijo Minas Legal tem o objetivo de auxiliar pequenos produtores a expandir sua atuação no mercado consumidor por meio da regularização de queijarias. A iniciativa é uma parceria entre o Governo do Estado, via Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), o Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério Público de Minas Gerais (Procon-MG/MPMG) e o Fundo Estadual de Defesa e Proteção do Consumidor (FEPDC).
“Esse é um projeto muito importante, que traz os produtores para a formalidade. Ao se regularizarem, eles encontram um ambiente muito mais adequado para se desenvolverem, com novas oportunidades”, afirma o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes.
Na próxima etapa do projeto, estão previstas a capacitação de técnicos e fiscais, a elaboração e distribuição de materiais de divulgação sobre o universo do queijo, a estruturação de um laboratório de pesquisa em queijos artesanais, a realização de análises laboratoriais em água e queijo, a compra de equipamentos e a aquisição de “kits queijaria” para as visitas de assistência técnica.
A expectativa é de que no final de 2024 mais de 200 produtores estejam regularizados em Minas Gerais. “A regularização das queijarias promove desenvolvimento econômico e social, valorização do nosso patrimônio cultural e garante um alimento saboroso e seguro na mesa do consumidor”, conclui o coordenador do Procon-MG e promotor de Justiça, Glauber Tatagiba.