‘Disciplina e dedicação’: treinador e amigo de Luiz Maurício em JF falam do sucesso do atleta nas Olimpíadas
Juiz-forano fruto do projeto Cria UFJF bateu o recorde sul-americano e chegou à final do lançamento de dardo nos Jogos Olímpicos de Paris
Luiz Maurício da Silva deu orgulho para a sua família, crianças da mesma escola que estudou e todos os brasileiros na Olimpíadas de Paris. Além de bater o recorde Sul-americano, com um lançamento de 85,91m na França, ele conquistou vaga na final do dardo, feito que um brasileiro não conseguia desde Los Angeles 1932 – um jejum de 92 anos. Na decisão, ficou em 11° colocado geral e emocionou o país em vídeo que viralizou, no qual conversa com sua mãe após a competição.
Em Juiz de Fora, sua cidade natal, o sucesso já era esperado pelo seu treinador de vários anos, Jorge Perrout, e pelo amigo e também atleta Francisco Lima. Ambos são membros do projeto Cria UFJF, onde Luiz traçou grande parte de sua trajetória. A Tribuna conversou com a dupla, que são pai e filho, para entender os motivos que levaram Luiz a alcançar essas conquistas.
Luiz Maurício e a UFJF
Em 2011, Luiz Maurício começou no projeto de extensão chamado Cria UFJF. Na época, ele acompanhava a mãe, que era aluna do projeto da Faefid voltado à prática de natação. Desde o início, ele se destacou em várias provas, como corrida e salto, mas foi no lançamento de dardo em que conseguiu acumular conquistas. Pela equipe de Juiz de Fora, treinou por nove anos e foi campeão Sul-americano e Pan-americano. Em 2020, recebeu um convite para representar o Exército Brasileiro e decidiu aceitar.
Conforme conta o treinador da UFJF, Jorge Perrout, Luiz, desde o começo, tinha como maiores características a disciplina e determinação. “Quando não tinha os resultados esperados em algumas competições, sua vontade não se abalava. Ele retornava com mais determinação aos treinos, e sempre muito educado e gentil com os professores e colegas. É importante esclarecer que o Luiz não foi apenas revelado e deu os primeiros passos na UFJF. Ele treinou conosco até adulto”, reforça Jorge.
Da mesma forma, Francisco Lima, amigo e companheiro de quarto de Luiz nas competições, chama a atenção para a seriedade mostrada pelo atleta olímpico. “Sempre fomos muito próximos, participávamos da mesma categoria no Mineiro e no Brasileiro. Ele era muito tímido, mas engraçado. E o que chamava atenção de todo mundo era o tanto que ele era centrado e dedicado nos treinos. Não faltava um, sempre chegava no horário e não reclamava de nada, fazia tudo. Sua família também sempre foi muito próxima a ele e ao projeto, e acho algo fundamental, porque o pai, a mãe e os avós sempre estavam com ele, apoiando”, acredita.
Ainda de acordo com o amigo, Luiz ia treinar até mesmo nas férias. “Várias vezes, um dia depois que chegávamos de alguma competição fora, ele já estava treinando. Ele é apaixonado pelo atletismo, faz porque gosta, nunca foi algo que ele tinha que abrir mão de outra coisa. Com seriedade e dedicação, ele foi recompensado agora. Fiquei muito feliz de ver um amigo e fruto do nosso projeto estando no palco mais importante do esporte mundial”, comemora Francisco.
Hoje atleta do Praia Clube, de Uberlândia, Luiz continua rendendo frutos a Juiz de Fora, diz Perrout. “Com a visibilidade que ele alcançou por seus resultados recentes (recorde brasileiro e sul-americano e finalista olímpico), o trabalho da UFJF, que já era reconhecido pela sociedade, recebeu como se fosse um selo de qualidade, comprovado pela novas gerações de atletas que nos procuram. Buscamos não formar apenas atletas, mas que eles adquiram experiências positivas por toda a vida. Os nossos treinamentos são orientados por alunos de graduação e pós-graduação do curso de Educação Física, que, nesse processo, se formam como técnicos. Os egressos que foram bolsistas do projeto de extensão em atletismo estão hoje muito bem colocados como professores universitários e como treinadores de atletismo”, pontua o professor.