Juiz-forana de 17 anos está entre os 50 melhores estudantes do planeta
Millena Xavier está entre os estudantes finalistas do prêmio por seus trabalhos com educação, saúde e tecnologia
Com apenas 17 anos, a juiz-forana Millena Xavier entrou na lista do Global Student Prize, conhecido também como Nobel Estudantil, como umas das 50 melhores estudantes do mundo. Ela também se tornou a pessoa mais jovem a entrar para a lista Forbes Under 30 na edição de 2023 e uma das cinco mais novas da história da Forbes Brasil, por ter desenvolvido uma plataforma de inteligência artificial na área da educação voltada para alunos que querem se engajar em olimpíadas científicas.
Millena saiu de casa aos 15 anos para fazer o ensino médio numa escola pública federal, o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (Coluni/UFV), uma vez que sua antiga escola, diz, não a apoiava em seu engajamento com olimpíadas científicas.
Ela começou a se interessar por essas competições aos 14 anos e não parou mais. No total, foram 65 competições e mais de 38 prêmios, sendo sua conquista mais importante a participação na Olimpíada Internacional de Inteligência Artificial. A olimpíada está prevista para começar no dia 9 de agosto, e Millena foi a primeira brasileira convocada. A delegação é composta de quatro estudantes que vão para a Bulgária representar o país. “É preciso ultrapassar os limites acadêmicos que o sistema brasileiro impõe”, afirma a estudante.
A estudante mineira revelou, em entrevista, que se sente muito grata por estar representando o Brasil e ter a chance de ser a primeira mulher a ganhar o prêmio Nobel Estudantil. Seu desejo é mostrar que “o Brasil não é só samba e futebol. Temos conquistas na ciência e na educação também. Fui para os Estados Unidos representar o Brasil em premiações e intercâmbios em faculdades e, quando eu falava que era brasileira, já associavam imediatamente a carnaval ou esporte. Estou trabalhando para que isso mude nos próximos anos. Temos que estimular nossos talentos para que histórias como a minha sejam mais comuns no Brasil”.
Este ano, Millena se forma no ensino médio e pretende ingressar na faculdade de engenharia biomédica. A ideia da estudante é continuar com os projetos na área de educação e saúde, mas ela também quer aprender mais sobre o mercado financeiro usando a inteligência artificial.
Experiências internacionais
Internacionalmente, Millena acumula diversas experiências em seu currículo. No 9º ano, ela ganhou uma bolsa para estudar no Global Engineering Challenge da melhor universidade do Canadá. Depois de mais de dez aprovações internacionais, ela embarcou em julho deste ano para passar duas semanas em Yale estudando Ciência e Tecnologia, considerada uma das melhores universidades do planeta, localizada nos Estados Unidos. Também foi aprovada em um programa de pesquisa em Stanford, a melhor universidade de tecnologia do mundo.
Millena diz que sempre se interessou pelo modelo de estudos da América do Norte, pois eles avaliam seu desempenho em atividades fora da escola também, conhecidas como extracurriculares. “No Brasil, se você faz provas da escola e o Enem, é o suficiente. Lá fora, você tem que se mostrar capaz em áreas não acadêmicas também: fazendo voluntariado, participando de olimpíadas e criando projetos para feiras de ciências. Inclusive, para passar pelo processo de aplicação para entrar em algum intercâmbio ou faculdade nos EUA, eles consideram até, por exemplo, cuidar do seu irmão como atividade também”, explica a jovem.
A estudante desenvolveu uma tecnologia que ajuda no diagnóstico do transtorno do espectro autista e seu projeto ganhou medalha na terceira maior feira de ciências do mundo, a Conferência Internacional de Jovens Cientistas, que ocorreu este ano, na Turquia. Com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ela criou um software para capacitar médicos para detecção precoce do autismo. Ela também foi finalista no prêmio da Sociedade Brasileira de Progresso e Ciência (SBPC).
Outra premiação a que está concorrendo é o Global Student Prize, que concede anualmente U$100 mil ao estudante que mais impactou positivamente a aprendizagem, a vida de seus colegas e a sociedade como um todo. O estudante que vencer receberá, além da quantia em dinheiro, uma viagem para Nova York, a fim de discursar numa assembleia com diversos líderes mundiais. Alguns brasileiros já ficaram entre os dez finalistas do Nobel do Estudante. Ana Julia de Carvalho, de Maceió (AL), ficou entre os melhores em 2021 com suas inovações em robótica. Já Lucas Tejedor, aluno do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro, e inovador na programação, ciências sociais e política, foi um dos dez finalistas no ano seguinte.
*estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa