A importância da Psicologia nas enchentes do RS
“A psicologia tem um papel fundamental na recuperação emocional das vítimas.”
As enchentes que recentemente atingiram o Rio Grande do Sul são um exemplo claro de como o apoio emocional é crucial em momentos de crise. O acolhimento inicial e os primeiros socorros psicológicos devem ser uma prioridade. Isso não é tarefa apenas para psicólogos, mas também para voluntários qualificados, já que qualquer pessoa pode ajudar, desde que preparada adequadamente. Então, primeiro é preciso saber se a ajuda naquele ponto é de fato necessária naquele momento ou se as equipes já estão dando conta e mais gente só irá atrapalhar. Além disso, é importante que o voluntário esteja preparado para ajudar no que vai ofertar (fisicamente, emocionalmente, tecnicamente).
A capacitação é essencial para garantir que a ajuda seja eficaz. Vários cursos online e lives têm sido disponibilizados para qualificar as pessoas a oferecerem esse primeiro acolhimento, evitando ações inadequadas que possam agravar o trauma das vítimas.
Em momentos de desastre, a empatia e a solidariedade são fundamentais. Precisamos fortalecer os laços sociais e garantir que todos, especialmente os mais vulneráveis, recebam o suporte necessário.
Para as crianças, a abordagem deve ser cuidadosa e sensível. A proximidade com os cuidadores é fundamental para que elas se sintam seguras. Restaurar a ludicidade através de brinquedos simples, livros de colorir e bolas é crucial. Brincar ajuda a criança a recuperar um senso de normalidade em meio ao caos. Grupos já estão se organizando para providenciar esses itens essenciais, pois uma criança precisa de muito pouco para se divertir.
Para os adultos que desejam ajudar, é crucial uma autoavaliação sincera. A pessoa deve se perguntar se está emocionalmente e fisicamente apta a oferecer suporte. Quem vai cuidar precisa estar cuidado. Além disso, é necessário estar bem informado sobre os recursos disponíveis, como abrigos e serviços de apoio. A ajuda prática é essencial: localizar pessoas, fornecer informações básicas e oferecer uma escuta ativa sem incentivar a revivência do trauma são ações fundamentais.
As reações emocionais intensas são normais nos primeiros três meses após um desastre. Ansiedade, medo, tristeza, problemas de memória e atenção são respostas esperadas ao trauma. Além disso, as reações num primeiro momento podem ser físicas também, como tontura, enjoo, sensação de desmaio e alteração do sono. Porém, é preocupante que aproximadamente 30% das pessoas possam desenvolver transtorno de estresse pós-traumático, necessitando de acompanhamento profissional. A magnitude desse desastre no Rio Grande do Sul significa que estamos lidando com um número muito grande de pessoas afetadas.
A psicologia tem um papel fundamental na recuperação emocional das vítimas. É vital educar as pessoas sobre a importância do cuidado com a saúde mental e promover a autoavaliação para reconhecer a necessidade de acompanhamento profissional. Este é um momento para exercitar a empatia, fortalecer os laços sociais e promover a resiliência nas comunidades afetadas.
Estamos todos consternados com a tragédia, mas também é uma oportunidade de mostrar solidariedade e compaixão. Ao oferecer suporte emocional adequado e prático, podemos ajudar as vítimas a encontrar um caminho de volta à normalidade e a reconstruir suas vidas com esperança e resiliência. A psicologia, com suas ferramentas e estratégias, é essencial para guiar esse processo de recuperação e fortalecimento das comunidades afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
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