Livro ‘Benfica da gente’, de Aline Junqueira, é lançado nesta quinta-feira
Obra se dedica à reconstrução da história de Benfica com vasta referência bibliográfica, documental e testemunhal
O livro “Benfica da gente: Elos entre memórias do passado e memórias do futuro”, da jornalista e ex-Secretária de Sustentabilidade em Meio Ambiente e Atividades Urbanas (Sesmaur) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) Aline Junqueira, está sendo lançado nesta quinta-feira (16), às 19h, na praça CEU. A obra é fruto de anos de estudos, tanto na graduação quanto no mestrado em Comunicação, e busca se dedicar à reconstrução da história da região com vasta referência bibliográfica, documental e testemunhal. A autora, que se define como “benfiquense”, deixa evidente que a obra traz um tema que é pessoal, mas que ao mesmo tempo pode importar não só para ela, mas para diversos outros moradores que se definem assim e mesmo para um público maior. A vontade de valorizar o bairro faz com que diversas outras histórias viessem à tona, a partir das entrevistas realizadas, e agora elas podem ser acessadas na íntegra pela primeira vez na obra.
A iniciativa de organizar a obra surgiu em 2010, após a autora, anos antes, ter realizado um documentário sobre as histórias do bairro em questão. “Eu entrevistei muitas pessoas para o documentário, que foi fruto de uma oficina de memória e audiovisual no Polivalente de Benfica, que era a única escola pública com Ensino Médio de lá e, por isso, reunia gente de todos os lugares. Muitos dos entrevistados foram pessoas indicadas por esses jovens”, relembra. Na época, o projeto, que foi financiado pela Lei Murilo Mendes assim como o livro, trouxe apenas parte dos relatos que a jornalista coletou. “Ficamos pensando o que fazer com toda aquela riqueza de material, porque nem tudo coube no documentário, já que lá havia uma limitação temporal mais rígida”, explica. Por isso, na obra impressa ela resolveu trazer a transcrição de trechos de mais de cem entrevistas do material bruto do documentário.
Além das entrevistas inéditas, também apareceram os repertórios acionados pela jornalista, silenciados e esquecidos diante da câmara, além das relações entre entrevistadores e entrevistados. O trabalho é inclusive fruto da dissertação de mestrado em Mídia e Mediações Socioculturais (ECO/UFRJ), e divide-se em três capítulos: Encontro, Interpelação e Registro. Para que fosse possível realizar o livro, no entanto, ela destaca a importância de ter se distanciado dos relatos e podido retornar a eles depois.
Aline conta que teve que fazer uma revisão maior e devolver essas memórias para as pessoas através do livro, que acaba sendo um registro da história de Benfica, por ter toda essa pesquisa bibliográfica. Mas também é um registro de memórias de história oral, de pessoas que se dispuseram a falar da sua vida no bairro. “Quando você faz um trabalho que envolve tantas memórias e tantas pessoas, você tem que ter uma autocrítica muito grande. Muitas pessoas faleceram nesse processo. Era difícil colocar esse material, com essa relação acadêmica, disponível para as pessoas. Foi necessário um amadurecimento e uma revisão desse texto, para ter mais cuidado com os personagens”, diz.
Novas histórias sobre Benfica
O tempo de amadurecimento do projeto também fez com que ela percebesse outras coisas sobre o trabalho realizado antes, e que está disponível no YouTube. “Acredito que esse amadurecimento foi importante para estar publicando o livro agora, e estar disponibilizando a obra para que as pessoas façam as suas novas versões da história do bairro, contestando e atualizando o que quiserem”, afirma. Mesmo anos depois dos relatos, ela percebe que a ligação dos moradores com o bairro permanece forte, e que a criação de novos espaços culturais na região também contribui para isso.
Para o lançamento do livro, que vai acontecer dentro do bairro, ela convidou todas as famílias das pessoas que participaram do documentário, incluindo as daqueles indivíduos que já faleceram. Como define, será um momento de reencontro: “As pessoas estão felizes de serem lembradas e de terem a memória dos seus familiares registrada”, diz. Além disso, na visão da autora, o livro serve como “motivação para que novos conteúdos sejam produzidos sobre os territórios, não só sobre Benfica”.