Juiz-foranos esperam até 7 horas para regularizar título de eleitor no último dia do prazo
Fila chegou a ser dividida em duas, com agendamento para outros dias, mesmo após término do prazo previsto; quase 500 senhas foram distribuídos
Centenas de juiz-foranos que deixaram para regularizar o título de eleitor no último dia do prazo definido pela Justiça Eleitoral esperaram horas na fila nesta quarta-feira (8). Em alguns casos, a espera teria chegado a sete horas. A fila chegou a quase dobrar todo o quarteirão próximo ao cartório eleitoral, localizado na Avenida Itamar Franco 1.420. No total, quase 500 senhas foram distribuídas para garantir que os eleitores que chegaram antes das 17h fossem atendidos.
Pouco após as 17h, horário em que seriam encerrados os atendimentos para regularização do título de eleitor para as Eleições 2024, o fim da fila para regularizar a situação eleitoral estava no número 79 da Rua Rei Alberto 79, quase chegando à Avenida Rio Branco. Neste momento, Samara Cardoso, de 21 anos, era a última eleitora na fila. Ela foi ao local para cadastrar a biometria.
“Fiquei sabendo que era obrigatório porque minha irmã trabalha na Câmara Municipal, e também através das redes sociais, vi que precisava regularizar”, explica, sobre a situação que ocorreu de última hora, pois acreditava que poderia votar este ano novamente sem a biometria, como nas últimas eleições. “A fila está enorme, está desanimador, mas fazer o quê? Pretendo ficar até o final”, disse à Tribuna.
Logo em seguida, Josimar de Morais, de 33 anos, tomou o último lugar. A distribuição de senhas para quem estivesse na fila até as 17h ainda não havia iniciado. Ele também foi fazer a biometria e, diferente de Samara, até ficou sabendo antes, mas só pode comparecer de última hora por causa da correria e do trabalho, segundo ele. Para isso, começou o expediente quatro horas mais cedo do que o normal nesta quarta.
Quando a Tribuna deixou o local, 40 minutos depois, a última pessoa da fila estava próxima ao número 1.460 da Rua Santo Antônio, perto da esquina com a Rua Rei Alberto. A última senha era a de número 476. Deste total, 380 foram distribuídas nesta fila, e outras 96 em outra, criada posteriormente para organizar agendamentos para a regularização do título de eleitor de quem não quisesse aguardar sua vez.
Chá de cadeira
Já na Avenida Itamar Franco, a poucos metros do número 1.420, onde fica o cartório eleitoral, Talita Ribeiro dos Santos, 17, estava sentada em um banco de plástico. Ela estava na fila desde as 11h20 e, após tanto tempo em pé, pediu para levarem o objetivo para ela, por volta das 17h. Ela foi tirar o título de eleitor para poder votar pela primeira vez: “Só fiquei sabendo que era o último dia hoje, senão, teria vindo antes”. A mãe, Deidimar, também estava desde a manhã acompanhando-a, mas já com a situação regularizada.
Um pouco atrás, Elisângela Morais, de 47 anos, aguardava sentada em uma cadeira de praia, já pensando que ia ficar muito tempo na fila. A mulher estava com uma criança de 9 anos. Elas foram até o cartório eleitoral nesta quarta para acompanhar a filha de 18, que foi tirar o primeiro título de eleitor. O grupo se revezava no descanso na cadeira desde meio-dia. Questionada se estava sendo o suficiente para aguentar o cansaço, repetiu a pergunta de Samara, a primeira ouvida pela reportagem: “Fazer o quê? A gente tem que fazer, deixou para a última hora…”. Já sobre a razão disso, ela disparou a famosa frase: “(…) porque o brasileiro é assim, né?”.
Distribuição de senhas para duas filas
Quando as senhas para os últimos eleitores da fila eram entregues, a equipe do cartório eleitoral oferecia a opção de os eleitores mudarem para uma outra fila, por meio da qual seriam feitos agendamentos para atendimentos em outros dias, mesmo após o fim do prazo de regularização do título de eleitor, previsto para se encerrar nesta quarta. A fila foi organizada em direção oposta àqueles que ainda aguardavam a vez, e acabou chegando até a esquina da Avenida Itamar Franco com a Avenida Rio Branco.
Rafael Martins, 32 anos, aceitou a proposta, mas demonstrou insatisfação após meia hora de espera na nova fila: “Acho que eles tentaram dar uma remanejada e agilizar o processo, para diminuir o tamanho da fila geral. Só que o que aconteceu foi que o agendamento também demorou, a ponto de que, quem estava na fila, no nosso lugar, agora já vai ser atendido, enquanto nós vamos precisar voltar. A gente achou que ia agilizar esse agendamento, mas não”.
Ele chegou às 10h40 e finalizou o atendimento às 17h32, destacando as quase sete horas de espera. Ainda precisará retornar na quinta-feira (9), às 13h30, e afirma que só não se arrependeu da decisão por morar a 15 minutos de caminhada do local. “Agora, para quem vem de longe, isso aqui foi um desastre”, afirmou.
Ele precisava cadastrar a biometria e transferir o título de eleitor. Por questões pessoais da mudança de cidade recente, não se atentou para isso e, por coincidência, ao fazer o caminho cotidiano, se lembrou e viu que ainda estava no prazo, mas afirmou: “pura irresponsabilidade mesmo”.