Fazenda Serra Boa Vista promove passeio agroecológico neste sábado
Caminhada envolve degustações de queijo e mel, leituras e piquenique pela fazenda durante todo o dia
Uma vista tão privilegiada não poderia se limitar a contemplação de apenas uma família. Foi esse o ensejo que guiou Paulo Bittar e seu pai, Haroldo de Oliveira, quando conheceram o terreno que, tempos depois, daria origem à Fazenda Serra Boa Vista, localizada em uma ramificação da Serra da Mantiqueira, a cerca de 7km de distância da Vila do Manejo, em Lima Duarte. Ela foi aberta em 1983 depois de tempos procurando as formas de viabilizar a compra daquele terreno. Foi amor à primeira vista, de fato.
Desde então, a ideia foi não só apenas usufruir da vista que a exuberância já é sugerida no nome. Paulo conta que, desde sempre, quis que essa fazendo fosse de fato produtiva e recebesse diferentes atividades. Ele, fotógrafo, tem um olhar especial a essas localidades. E dividir isso com as pessoas era uma missão. “Hoje, quando eu vejo aqui cheio, penso que é como se fosse a missão cumprida aqui na terra”, conta. Desde então, ele realiza visitas pelo espaço.
Com o tempo, a partir de 1989, elas foram ganhando nomes e novas modalidades, para além de conhecer onde são feitos os queijos e o mel comercializados por Juiz de Fora, que são outras matérias-primas da Fazenda Serra Boa Vista. Uma dessas visitas se chama “Leitura no curral”, e vai ser realizada neste sábado (27). O passeio começa às 9h e termina com o por do sol. Para participar, é preciso entrar em contato no número 99987-9569. E a caminhada tem o valor de R$ 25.
Paulo conhece esse espaço como a palma da mão, é fato. E viver, pelo menos uma parte da semana, na fazenda é como morar no paraíso. E tudo, principalmente, por causa da vista. Quando a primeira visita aconteceu, ele já entendeu que queria enfatizar que se tratava de um passeio de “comida, bebida, diversão e arte”, como faz questão de pontuar durante a entrevista. Claro que o queijo e o mel são chamarizes. Mas ele queria mais. Nesse sentido, começou a preparar uma série de atividades que completam o passeio.
“Leitura no curral”
Uma delas é a “Leitura no curral”. Como Haroldo é engenheiro, era mais fácil pensar em construção na Fazenda Serra Boa Vista. E eles construíram, então, um espaço no curral. Quando terminou, ficaram sem entender o que poderia ser ali: “Escritório não precisava, porque já tinha e a gente não ia utilizar. Farmácia também não, porque a gente só precisa de uma prateleira de remédios homeopáticos”. A sugestão do pai de Paulo foi esperar. “Ele, como construtor, disse que é preciso tempo para sentir e entender o espaço”.
Em uma noite, Paulo sonhou com a construção. Pensou que ali era o espaço ideal para construir uma biblioteca. Ele, seu pai e sua irmã tinham uma série de livros que precisavam, realmente, de um lugar mais apropriado para ficar. E a biblioteca no curral surgiu. Como nada é à toa, decidiu incluir essa parada no passeio pela fazenda. E assim permaneceu. A proposta, de acordo com ele, é ler um dos livros dessa biblioteca. O texto, que pode ser um pequeno livro inteiro ou uma parte, é adaptado para o momento. Os visitantes sentam embaixo de um Jatobá, plantando pelo próprio Paulo no começo dos anos 2000, para ler e conversar sobre o que foi escolhido no dia. “E a gente deixa aflorar o que vier do texto.”
Roteiro pela Fazenda Serra Boa Vista
Essa parte é o ponto alto da visita. Outras programações sugerem diferentes atividades. Além do “Leituras no curral”, tem o “Fruta no pé e na mão”, “Yoga na natureza”, “Piquenique do chefe”, “Cine garagem da serra”, “Lua cheia inteira” e “Trekking na Serra da Boa Vista”. Todas elas de forma a mesclar natureza, gastronomia e cultura. Elas são anunciadas durante o ano e acontecem, principalmente, de abril a setembro, quando os dias são mais bonitos e a ameaça de chuva é menor. “Afinal, o cartão postal mesmo é a vista.”
O que é coincidente a todas as programações é o roteiro. Tudo começa no Salvaterra, quando a turma se encontra às 9h com destino à Fazenda Serra Boa Vista. São 57 km que passam pela BR 040 e pela BR 267. Lá no Salvaterra, é feita uma otimização dos carros para que aja economia de combustível e todos vão cheios o suficiente para o passeio. Ao chegar em um ponto próximo à fazenda do Paulo, os carros ficam estacionados e é quando começa a caminhada, que é leve: são menos de 2 km de subida que correspondem a 500 m de altitude. “A nossa ideia é exatamente fazer andando para que as pessoas sintam que conquistaram essa vista. Sobe um degrau impressionante para conquistar esse visual”. A vista já de início, de um lado, dá para as montanhas de Minas Gerais e, do outro, para as do Rio de Janeiro.
Para auxiliar essa subida, uma caminhonete 4×4 ajuda no trajeto, e leva bolsas e mochilas para deixar a caminhada ainda mais leve. Assim que se chega à Fazenda Serra Boa Vista, são feitas as visitas à queijaria, ao curral de ordenha a à casa do mel. É menos de 1km a pé em um terreno plano. Por volta do meio-dia, acontece um Piquenique coletivo. A ideia é cada um levar um alimento para compartilhar à sombra do Jatobá. Às 15h, então, acontece a proposta da vez. Dessa, é a “Leitura no curral” com o tema “Dois Rubens e um Rudan”. Próximo ao por do sol, é que se volta a Juiz de Fora por aquele mesmo trajeto.
Apesar de ser uma caminhada tranquila, é preciso que os participantes tenham um condicionamento físico para subir os 500m. Além disso, é importante que a roupa seja leve e que haja proteção contra o sol e o frio, calçar botas ou tênis leves. Crianças acompanhadas pelos pais também podem fazer. É sugerido que leve brinquedos para que elas também divirtam. No mais, a dica é aproveitar até onde a vista alcança.