A vida não termina na fase adulta. E sabemos muito pouco sobre a velhice. A produção científica sobre o nosso envelhecimento ainda é muito rasa, por entre outros motivos, arrisco-me em dizer que o preconceito acadêmico inibe o envolvimento de alguns cientistas nessa área, que carece muito de um terreno pavimentado pela ciência para levar ao grande público as possibilidades e os limites existentes nessa fase da nossa vida.
Reconheço, portanto, que, a cada ano que passa, vem aumentando o interesse dos futuros profissionais, por menor que seja, pelo campo da geriatria e gerontologia. Percebo que, quando eu formei em Serviço Social pela UFJF (julho de 1983), esse tema não entrava em sala de aula e, quando entrava, recebia comentários desqualificados sobre a relevância profissional que apresentava.
O mundo mudou. Mais de três décadas depois, constantemente, sou convidado e outro/as colegas também, para conversarmos sobre o envelhecimento com alunos e alunas da graduação e pós-graduação das diferentes faculdades, sobre o modo de vida dessa importante população da nossa cidade e do nosso país.
À medida em que mais encontros, debates e cursos são apresentados publicamente sobre a velhice, essa realidade fica mais próxima de todos nós, tanto no campo subjetivo/pessoal quanto para o domínio coletivo da cidade e do país, afinal de contas, o envelhecimento diz respeito a toda a sociedade, a toda a comunidade.
Se faz necessário trazer para si, caro leitor e leitora, a realidade do nosso envelhecimento, como eu escrevi na Coluna do domingo passado, quando trouxe a questão de com quem a gente conta para o nosso envelhecimento?; quem vai estar na minha lista de cuidadores, se eu precisar?. Por isso, na sequência de hoje, eu levanto uma outra questão para a nossa reflexão: que tipo de envelhecimento, nós estamos construindo?
Aí você pode pensar assim: mas tem jeito de a gente interferir no envelhecimento? Como? Eu já falei por aqui. E com base nos estudos de algumas autoridades da área, não custa repetir até para reforçar. Eu sugiro algumas atitudes e mudanças de comportamento, que me parecem e são fundamentais. Nada de novo. Cuidar da saúde. Física e mental. Mais do que isso é muito falado, precisamos fazer.
Você que me lê agora, que atividade física você faz nos dias de hoje? Quantas vezes regularmente você procura um/a profissional de saúde?
Outra dica interessante é cultivar e cuidar das amizades. As de ontem e as de hoje. Ter amigos e amigas faz muito bem à nossa saúde. Eu tenho experimentado desse “remédio”. Começando em casa, a ter intimidades é muito saudável também e nos conforta bastante. Uma outra sugestão que apresento e acredito nela é buscar expandir o nosso repertório de interesses em outras atividades, outros hábitos e rotinas, ocupando o nosso tempo com coisas que nos motivam a sair de casa. E como vivemos em relações sociais capitalistas é bom também reter algum recurso financeiro porque, de uma hora para outra, a gente pode precisar.