13º salário deve injetar mais de R$ 550 mi na economia em JF
Primeira parcela para celetistas deverá ser paga até esta quinta-feira; já a segunda, até 20 de dezembro
O pagamento do 13º salário deve injetar mais de R$ 550 milhões na economia juiz-forana nesta reta final de 2023. A estimativa foi feita pela Tribuna através de cruzamento de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), visto que não há informações públicas específicas sobre o tema disponíveis até então. A primeira parcela para os celetistas deverá ser paga até esta quinta-feira (30), enquanto a segunda, até 20 de dezembro.
Para chegar ao valor de R$ 550 milhões, a Tribuna considerou números do IBGE Cidades, que apontam que, em 2021, 169.331 pessoas estavam ocupadas em Juiz de Fora, com rendimento médio mensal de 2,4 salários mínimos. O Novo Caged indica que o Município encerrou 2022 com o saldo de 3.668 novos empregos. Até setembro de 2023, esse saldo ficou em 2.752.
Desta forma, somando os saldos com o número de pessoas ocupadas em 2021, Juiz de Fora teria, atualmente, 175.751 pessoas trabalhando. O salário mínimo é R$ 1.320, e a média salarial dos trabalhadores formais é de 2,4 mínimos, conforme o IBGE Cidades. Logo, os juiz-foranos devem receber R$ 3.168, em média a título do abono natalino. Multiplicando o salário médio com o número de pessoas ocupadas, chega-se à cifra superior a R$ 550 milhões.
Servidores públicos
Em 2023, os servidores, ativos e aposentados, e pensionistas do Governo de Minas receberão o 13º salário em parcela única no dia 18 de dezembro. De acordo com a Agência Minas, mais de 630 mil servidores (ativos e inativos) e 52 mil pensionistas contam com o benefício no estado. O valor total da folha de pagamento supera R$ 4,1 bilhões, sem encargos patronais, conforme dados de setembro deste ano.
Em relação ao funcionalismo municipal, a Prefeitura de Juiz de Fora ainda não tem previsão de quando o benefício será pago.
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‘O ideal seria poupar parte do recurso’, aponta especialista
O que seria um bônus no aspecto financeiro, para muitos trabalhadores o 13º salário já cai na conta com destino certo, seja para quitar dívidas, matrículas escolares ou para outros gastos de final de ano. De acordo com a especialista em Finanças e professora do Curso de Administração da Estácio Mayanna Marinho, normalmente, o benefício é utilizado para antecipar compras de Natal, para investir em alguma compra que não estava prevista no orçamento daquele ano e para acertar as contas. Entretanto, o ideal seria um planejamento para que ao menos parte desse recurso fosse poupada.
“O 13º é para ser uma sobra. É para ser o a mais para você guardar para uma emergência. Ele não pode virar uma receita normal de novembro e dezembro na sua vida”, diz a especialista. “Se você ficar desempregado, o décimo terceiro não estará no rol de receitas no próximo ano. Lógico que, se você está enrolado, ele vai ter que ser utilizado para colocar a casa em dia.”
Pensando em possíveis imprevistos ou mesmo em investimento, a consultora administrativa Carina Alvin sempre procura guardar o 13º salário em sua reserva de emergência. O planejamento vale, inclusive, para o adicional das férias. Foi dessa forma que Carina conseguiu guardar dinheiro para investir na construção da própria casa.
“Toda virada de ano faço um planejamento financeiro para o próximo ano. Durante o ano, surgem várias emergências em que é necessário usar esse dinheiro guardado, por exemplo, o carro dá defeito, e o cachorro precisa ir ao veterinário. Para não atrapalhar minha renda atual ou gerar um endividamento, uso a emergência e depois reponho no fim de ano.”
Também se planejando para os gastos previstos em 2024, a servidora pública Priscila Martins procura investir o 13º salário em um Certificado de Depósito Bancário (CDB) de curto prazo, para que o dinheiro rentabilize até a data em que ela precisará utilizá-lo. “Vou utilizar meu 13° para quitar as contas do início do ano como IPTU e revisão do carro. Sempre me programo para utilizá-lo com esse fim, já que, muitas das vezes, pagar à vista gera um desconto que vale a pena”, conta.
Uso eficiente
Para um uso mais eficiente do benefício, a especialista em Finanças Mayanna Marinho aponta que a reta final de ano é o momento ideal para planejar o próximo. Para isso, é necessário colocar em um papel as receitas e os gastos para usar o 13º de forma mais eficiente.
“O momento agora é de fazer planejamento para o próximo ano, para que o 13º seja usado de forma mais eficiente possível, como investir e guardar um pouco como reserva para emergência. É preciso entender que ele pode ser uma forma de você começar a poupar recursos para o próximo período de tempo.”
Injeção na economia
Conforme a especialista, o 13º salário é significativo para a economia como um todo por conta do valor significativo injetado. Como lembrado por Mayanna, a nível nacional, uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que o benefício deverá movimentar cerca de R$ 291 bilhões na economia brasileira.
“Com isso, há empresas financeiras que vão se beneficiar porque terão dívidas quitadas; o setor de alimentação também fica aquecido, já que as pessoas acabam investindo em refeições mais elaboradas para a ceia de Natal e investindo em presentes também no comércio como um todo. A tendência é que exista um consumo maior nessas três veias em função do perfil de consumo do brasileiro.”
Com as festividades de Natal, o comércio é um dos setores beneficiados com o pagamento do abono natalino. De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio), Emerson Beloti, após a pandemia da Covid-19, os problemas financeiros ainda se mantêm, mas, com a recuperação econômica em andamento, a expectativa é melhor do que a do ano passado.
“Sabemos que boa parte da primeira parcela, por tradição, vai para acertos pessoais. Temos muita expectativa com a segunda parcela, que praticamente vai toda para as compras de Natal”, aposta.