Educação integral será ampliada para 238 escolas em Minas
Atualmente, quase 200 mil crianças e adolescentes estão matriculadas em instituições estaduais de ensino integral; meta do Governo é chegar a 50% dos colégios públicos
A partir de 2024, mais 238 escolas estaduais de Minas Gerais terão ampliação do ensino médio em tempo integral (EMTI) e do ensino fundamental em tempo integral (EFTI). O anúncio foi feito pela Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG) nesta quinta-feira (9). Em agosto deste ano, uma reportagem da Tribuna mostrou que Juiz de Fora estava na expectativa de ampliar o número de escolas com tempo integral na cidade, por conta do programa federal Escola em tempo integral. A Tribuna questionou o Governo estadual se alguma instituição de ensino do município será contemplada com a ampliação anunciada, entretanto, não recebeu um retorno até o fechamento desta edição.
De acordo com informações da SEE-MG, atualmente, cerca de 72 mil alunos estão matriculados em 719 escolas que oferecem o EMTI, enquanto 115 mil cursam o EFTI em 1.453 instituições da rede estadual. Para a expansão, o Governo de Minas deve investir R$ 200 milhões, entre recursos do Estado e do Ministério da Educação. O valor será utilizado para despesas de pessoal, custeio e investimentos para o funcionamento das modalidades. Ainda segundo a pasta, o Estado também tem investido na renovação do parque tecnológico, reforma e ampliação das escolas e formação de professores por meio da Escola de Formação.
A ampliação faz parte da meta do Plano Estadual de Educação, cujo objetivo é oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, alcançando o atendimento a 25% dos estudantes da educação básica. Por meio da SEE-MG, a subsecretária de desenvolvimento da Educação Básica, Kellen Senra, explicou que a expansão significa um compromisso da pasta com os estudantes e as comunidades escolares, bem como com o Plano Nacional de Educação (PNE) e a pactuação com o Ministério da Educação, por meio do programa Escola em tempo integral, que prevê o acréscimo de 78 mil matrículas. “A Secretaria tem um compromisso muito grande com a oferta da educação em tempo integral, porque sabemos que o estudante com maior tempo dentro da escola tem aproveitamento e desenvolvimento muito significativo em sua trajetória escolar.”
Como apontado pelo Governo estadual, o ensino integral possui alta aprovação entre os estudantes. A SEE-MG cita um levantamento realizado pelo instituto Datafolha em 2022, em que mais de 80% dos estudantes mineiros afirmam que gostariam de estudar em escolas com características do ensino médio integral. A pesquisa ainda diz que os estudantes afirmam que as características que mais os atraem em escolas integrais são: projeto de vida e orientação de estudos (31%), tutoria (18%), aulas práticas (17%) e eletivas (17%).
Grade curricular ampliada
A expansão da educação em tempo integral prevê algumas mudanças na matriz curricular. Conforme a SEE-MG, além do oferecimento da matriz de 9 horas/aula, será disponibilizada uma matriz curricular de 7 horas/aula diárias em algumas escolas, a fim de possibilitar mais acesso à educação integral. A previsão é que também haja diversificação nos componentes curriculares das atividades integradoras.
Sindicato se preocupa com estrutura para ensino integral
Em Juiz de Fora, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) também não foi informado sobre a ampliação do tempo integral para escolas do ensino fundamental, de acordo com a diretora do Departamento de Comunicação da categoria, Yara Aquino. Porém, no ensino médio, o município já conta com algumas escolas com tempo integral. Conforme a representante do Sind-UTE, a categoria possui uma preocupação quanto à oferta adequada dessa modalidade aos alunos.
“Nós não somos contra o ensino integral, nós somos contra esse ensino integral sem a menor infraestrutura. Conhecemos escolas em que os meninos ficam o dia inteiro rodando dentro da escola, só com aula. Eu acho que a escola tem que oferecer assuntos e atividades diversificados, como aula de música, informática, dança, esportes, enfim, várias atividades, e vemos escolas que não têm nem, às vezes, uma quadra direito”, aponta Yara.
De acordo com a diretora do Departamento de Comunicação do Sind-UTE, recentemente, houve reclamações da comunidade escolar de uma instituição de ensino em Juiz de Fora que deverá ter turmas fechadas para priorização do ensino integral. Entretanto, uma medida do tipo poderia prejudicar alunos que trabalham durante o dia e estudam à noite, por exemplo. “Nós já ouvimos queixas de várias escolas, onde os alunos estão sendo prejudicados e não existe uma infraestrutura para oferecer [o ensino integral] para esses alunos.”