‘Arrastados’, de Daniela Arbex, vence Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos

Anúncio foi feita na última terça-feira, em cerimônia na internet


Por Tribuna

11/10/2023 às 14h08- Atualizada 11/10/2023 às 15h52

daniela
“Que os filhos de Minas Gerais e de outras partes do Brasil sejam sempre lembrados e que a gente jamais permita que a mineração transforme seres humanos em coisas em meio à lama que nasce da impunidade”, escreveu Daniela nas redes sociais, após a notícia da premiação

Daniela Arbex foi uma das vencedoras da 45ª edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Seu livro “Arrastados” foi contemplado na categoria livro-reportagem. A sessão pública que anunciou os vencedores aconteceu nessa terça-feira (10) e foi transmitida pela internet. A cerimônia de premiação vai acontecer no dia 24 de outubro, às 20h, em São Paulo. No mesmo dia, acontece, no teatro da Puc-São Paulo, uma roda de conversa com os ganhadores.

Esta foi a primeira vez que a jornalista e escritora venceu o prêmio. Anteriormente, ela já havia recebido menções honrosas por seus trabalhos na mesma premiação. A primeira foi em 2002, para uma série de reportagens intitulada “Cova 312: fim de um segredo de 35 anos”, para a Tribuna, que depois virou livro. A segunda menção honrosa veio em 2008, para o trabalho “Radiografia da educação mineira”, feito para o jornal “O Tempo”.
“O Vladimir Herzog é o maior prêmio do Brasil de direitos humanos. É um prêmio moral muito importante para quem é reconhecido com essa distinção”, comenta Daniela. “É a primeira vez que venço o prêmio e foi muito emocionante, principalmente com uma história tão necessária quanto a de ‘Arrastados’.”

Tragédia de Brumadinho retratada em ‘Arrastados’

O livro premiado, “Arrastados”, resgata a memória das vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho, em janeiro de 2019. Contando o que sucedeu nas 96 horas anteriores à tragédia, Daniela aponta que o livro mostra que as vidas perdidas importam e que o que aconteceu não será esquecido.

“É um trabalho importante para construir a memória coletiva do Brasil. ‘Arrastados’ dá voz para essas pessoas e impede que sejam apenas números. Ele mostra quem são, onde estavam, o que foi interrompido e também questiona como uma multinacional mantém uma barragem com a segurança comprometida funcionando”, aponta.

Além disso, como destacado por Daniela, o prêmio Vladimir Herzog reforça o papel do jornalismo profissional como construtor da memória e agente para manutenção da democracia. Conforme a escritora, “Arrastados” foi escolhido com unanimidade pelos jurados do prêmio. “O livro mostra que se as mineradoras continuarem colocando o produto acima da vida humana. Nós teremos novos casos como Brumadinho.”
Nesta edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, 630 trabalhos foram inscritos.

Leia mais sobre o livro “Arrastados” aqui

Conheça todos os premiados:

Vídeo
“Vale dos isolados”, de Sônia Bridi e equipe, da TV Globo/Globoplay

Multimídia
“Ouro líquido”, de Rebeca Borges e equipe, do Metrópoles

Arte
“Belicismo e extemismo: a política de militarização do poder”, de Vítor Massao, do Insituto Update

Áudio
“Projeto Querino”, de Tiago Rogero e equipe, da Rádio Novelo

Texto
“A conversa rasa do Brasil”, de Gabriela Mayer, da Revista Piauí

Menção honrosa
“Os defensores não defendidos”, de Catarina Barbosa e Talita Bedinelli, da Samaúma

Fotografia
“Mutilados”, de Márcia Foletto, do Globo

Menção honrosa
“As vítimas da copa do mundo do Catar”, de Yan Boechat, da Band Jornalismo

Livro-reportagem
“Arrastados”, de Daniela Arbex, da Editora Intrínseca

Menção honrosa
“Poder camuflado – Os militares e a política, do fim da ditadura à aliança com Bolsonaro”, de Fabio Victor, da Companhia das Letras

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