O que faz as mulheres da obra de Shakespeare serem tão especiais? Há nelas “um reflexo do que de mais humano há”, disse-me, nesta entrevista, a mineira de Guarani Nara Vidal. Autora de “Sorte”, romance que conquistou o terceiro lugar no prêmio Oceanos de 2020, e “Mapas para desaparecer”, livro finalista do Jabuti de 2021, além de outros títulos, ela acaba de estrear na não ficção com “Shakespearianas” (Relicário, 200 páginas). Na obra, ela apresenta quinze grandes personagens femininas criadas pelo Bardo entre os séculos XVI e XVII.
“As mulheres devem ser colocadas como protagonistas nos estudos shakespearianos. Já se faz tarde essa proposta. É espantoso ver o número reduzido de estudos sobre elas. No Brasil ainda não havia. Esse é o primeiro livro exclusivamente sobre elas. E espero que outros venham. Na Inglaterra, onde eu tenho acesso a uma bibliografia vasta sobre Shakespeare, há pouquíssimos livros sobre o tema e há pouquíssimos livros sobre Shakespeare publicados por mulheres”, aponta ela, lamentando o fato de que, apesar de óbvia, tal questão é alarmante. “Há um défice claro e que é associado à cronologia do nosso acesso à educação. Não faz tanto tempo, a maioria de nós era analfabeta. Os estudos e as publicações eram, portanto, dedicados a assuntos de interesse de quem tinha acesso aos estudos: os homens. Então, vamos vendo, ainda que timidamente, um avanço temático e autoral, mas que ainda é muito aquém do que precisamos atingir para uma representatividade justa”, afirma a autora que descobriu Shakespeare e se rendeu a ele ainda na infância.
Assim como ocorria com as peças do autor de “Romeu e Julieta”, “Shakespeariana” é dividido em cinco atos. No primeiro, intitulado “Humana natureza selvagem”, Nara assina uma apresentação da obra. Já os outros quatro são inspirados nos elementos da natureza — fogo, terra, água e ar — e estão associados às personagens Julieta, Cléopatra, Catarina, Lavínia, Tamora, Ofélia, Desdêmona, Sycorax, as Bruxas, Cordélia, Goneril, Regan, Portia Lady MacBeth e Viola. “Tão viscerais que são, costumo imaginar as personagens shakespearianas como elementos da natureza, com toda a ambivalência que carregam. Numa alternância entre força e vulnerabilidade, penso o espaço natural como imagem para os corpos das mulheres – explorados, amados, violentados, habitados. Com essa ideia em mente, proponho um conjunto de personagens associadas a cada um dos quatro elementos como forma de destacar traços de sua personalidade.”
Marisa Loures – Você relata, em “Shakespearianas”, que, quando criança, ficou louca para ganhar um vinil da turma da Mônica: “Romeu e Julieta”. Foi ali que ocorreu seu primeiro encontro com Shakespeare? O que na obra dele mais te seduz?
Nara Vidal – Eu tinha uns 8 anos e, quando penso nessas memórias, talvez eu não gostasse tanto de bonecas, a não ser as de papel que eu recortava de revistas, eu mesma e dava a elas todo um perfil de personagens. Esse disco veio depois de eu me chatear muito por ganhar uma boneca que eu não queria, de aniversário. Uma boneca cara e que meus pais, certamente, compraram com dificuldade. O que eu queria mesmo e já vinha pedindo fazia tempos era o tal disco. Em Guarani, houve nesse tempo uma raridade que foi uma loja de discos. Eu saía da escola, atravessava a Rua do Comércio e parava nessa loja antes de ir para casa. Ficava encantada com os discos, os artistas que nunca chegavam naquela esquina do mundo. O álbum, que se chamava Mônica e Cebolinha no mundo de Romeu e Julieta, me chamava a atenção, primeiro por razões óbvias: eu lia muito as revistinhas do Maurício de Sousa nessa fase e queria o que era da Turma da Mônica. Depois, havia a sonoridade de Julieta Capuleto e Romeu Montéquio. Eram nomes que me causavam qualquer curiosidade, interesse. Quando penso nas letras de algumas das músicas, havia ali todo um apelo ao amor romântico que, na minha interpretação, é uma maneira muito reduzida e incompleta de pensar em Romeu e Julieta. Mas, naquele momento, achava bonita a ideia de “a história de amor mais formosa que o mundo já viu”, que era como estava conceituada a peça no disco. Então, talvez o que tenha me seduzido tenha sido precisamente o desconhecimento sobre as personagens, mas a minha curiosidade me levou a querer entender quem eram e descobrir a narrativa, ainda que de forma pueril e inocente, sem, claro, o peso que foi tendo à medida que as leituras e a vida foi avançando.
– Nesse novo livro, você apresenta as personagens femininas na obra de Shakespeare, mas não se limita a falar sobre as mulheres. Aonde seu livro pretende nos levar? Apresente-o.
– Não é possível abordar Shakespeare sem tentar abraçar as personagens de forma geral. No caso das femininas, elas vêm atreladas e relacionadas às personagens masculinas. Lady Macbeth é a mulher de Macbeth, Julieta vem com Romeu, Desdêmona com Otelo, Ofélia com Hamlet e por aí vai. Com exceção da Cleópatra, que é uma das únicas que têm autonomia, financeira, inclusive, as outras existem e vivem à sombra do patriarcado. Mas são personagens tão complexas e tão ricas que extrapolam esse limite e talvez, precisamente, por serem mulheres, precisam avançar na narrativa através de questões múltiplas que não atravessam os homens. O livro não tem pretensão, mas eu, como autora, tenho um objetivo: criar, a partir dessas personagens, um gancho rico e múltiplo para trazer Shakespeare a todos nós, leitores comuns. O objetivo de expandir e ampliar o acesso às obras dele para fora do núcleo acadêmico é, sem dúvida, o meu maior desejo com esse livro. Portanto, levar o leitor que aprecia literatura, mas não é um estudioso de Shakespeare, a refletir sobre as peças através das personagens que eu proponho. É um ponto de partida bonito e gostaria muito que assim fosse.
– E você disse em uma entrevista recente que “há toda uma questão de pompa e do distanciamento em relação a Shakespeare”. E aí muita gente tem medo de estudá-lo. Como fazer com que Shakespeare saia desse lugar que amedronta?
– Através de livros assim e de boas traduções. Livros que são acessíveis. Eu, de maneira deliberada, cuidei muito da linguagem do texto para que eu fosse compreendida. Não me interessa elaborar um texto difícil, hermético demais e que distancie o leitor porque é exatamente o oposto que eu proponho. Portanto, a linguagem é crucial para que eu atinja esse objetivo. Acho que as escolas também têm um papel fundamental. Nossos autores como Machado, Lima Barreto, Cecília Meireles, Clarice deveriam ser introduzidos antes, já no ensino primário. Há tantas maneiras de seduzir os pequenos leitores que, com o tempo, vão reler e se aprofundar nas questões trazidas nesses livros. Na Inglaterra há um bom trabalho em relação a Shakespeare. Meus filhos ouviram falar dele desde o primário, introduzido de forma muito gentil, mas constante. Seria interessante se a literatura fosse normalizada e menos restrita. Há nesse esforço de valorizar a literatura através de uma limitação a leitores mais velhos algo contraproducente que acaba por distanciar o leitor das obras. Já se fosse introduzida de forma mais natural e frequente, talvez no ensino médio, os alunos pudessem fazer contribuições interpretativas mais maduras e entusiasmadas.
– Em qual público você pensava enquanto escrevia?
– Precisamente no leitor comum. O que quero dizer com isso é o leitor que aprecia literatura, mas que talvez pense em Shakespeare como um autor de difícil acesso e compreensão. Ainda que, sim, a obra de Shakespeare seja extensa e complexa, ela não precisa ser, necessariamente, dificultada. Isso é tão importante! Democratizar o acesso à boa literatura e, quem sabe, erradicar a arrogância de certos núcleos literários que apresentam Shakespeare como inacessível, impossível ao leitor comum. Eu dou cursos sobre peças de Shakespeare e há sempre essa preocupação de alunos que querem participar, mas têm esse receio da dificuldade do texto, da temática, das personagens. Muitas vezes, alunos fazem o curso até mesmo sem ter lido a peça e isso não tem problema porque o que acontece é que, depois do curso, o interesse foi criado e as peças são, consequentemente, lidas. E isto é bonito, isso de disseminar essa literatura que pode e deve ser de todos nós que temos desejo de conhecê-la. Portanto, talvez não seja demais lembrar que essa não é uma proposta acadêmica. Estudiosos de Shakespeare já, muito provavelmente, conhecem o conteúdo proposto e já fizeram suas contribuições na academia. O livro é para o leitor comum, para o entusiasta de Shakespeare, para o desejoso em conhecer Shakespeare, para quem gosta de literatura, teatro e personagens.
– Vou pegar carona na pergunta que você faz na apresentação do livro: Qual ou quais as personagens em Shakespeare mais motivam, comovem, instigam você? O que fazem as mulheres da obra de Shakespeare ser tão especiais?
– A personagem que eu mais estudei e ainda estudo é Lady Macbeth. Ela traz propostas interpretativas riquíssimas. Sempre muito reduzida à vilã, Lady Macbeth pode ser uma mulher que vive o luto do filho, por exemplo. Há no texto passagens que apontam para um filho e que não aparece na peça. Inclusive há versões no cinema que carregam muito para essa interpretação de ela ser, precisamente, uma mulher que vive a falta do filho morto. Esse pode ser um ponto de partida para interpretá-la, mas também não é único. No caso dela e de outras como Julieta, Portia, Viola, existe todo um arco que marca uma transformação muito complexa de comportamento. Se a transformação que sofre Macbeth é fundamentalmente moral, a de Lady Macbeth é moral, psicológica, de gênero. A ironia é precisamente que, por serem personagens femininas e tão vulneráveis à repressão cultural, elas se destacam porque têm mais a fazer, precisam ir mais longe porque têm mais para ser modificado, elaborado. Além disso, são as personagens shakespearianas um reflexo do que de mais humano há. Freud se debruçou sobre Shakespeare não foi à toa. Há elementos infinitos de análise do humano. O que encontramos entre a sombra e a luz, todas as peculiaridades, ambivalências, conflitos e contradições são características encontradas nessas personagens. São belíssimas. São a nossa própria representação e são extremamente atuais.
– Você faz questão de pontuar que “Shakesperianas” não é um livro feminista. No entanto, enfatiza a superioridade da personagem feminina na obra de Shakespeare. Que caminho percorreu para trabalhar essa superioridade feminina, mas esquivando-se de rótulos?
– Essa é uma questão muito importante. As personagens femininas são, sim, as mais interessantes. É claro, destaco aqui Rei Lear, Ricardo III, Falstaf, Mercutio como personagens masculinos que também me emocionam completamente. Mas as mulheres devem ser colocadas como protagonistas nos estudos shakespearianos. Já se faz tarde essa proposta. É espantoso ver a número reduzido de estudos sobre elas. No Brasil ainda não havia. Esse é o primeiro livro exclusivamente sobre elas. E espero que outros venham. Na Inglaterra, onde eu tenho acesso a uma bibliografia vasta sobre Shakespeare, há pouquíssimos livros sobre o tema e há pouquíssimos livros sobre Shakespeare publicados por mulheres. Essa é uma questão bem óbvia, mas não deixa de ser alarmante. Há um défice claro e que é associado à cronologia do nosso acesso à educação. Não faz tanto tempo a maioria de nós era analfabeta. Os estudos e as publicações eram, portanto, dedicados a assuntos de interesse de quem tinha acesso aos estudos: os homens. Então, vamos vendo, ainda que timidamente, um avanço temático e autoral, mas que ainda é muito aquém do que precisamos atingir para uma representatividade justa. No caso do tema feminismo, existe uma preocupação minha com uma tendência atual de um discurso rápido e “lacrador”, sem muita reflexão e às vezes, sem muito embasamento. Por exemplo, eu já li algumas sugestões na internet de pessoas que propunham “cancelar” Shakespeare, Dostoievski, Machado de Assis porque trazem abordagens sobre as mulheres que não representam os nossos dias e as nossas conquistas. Precisamos, mais do que nunca, de leitura e de literatura, para equívocos assim não tomarem corpo, porque, além de ser uma ideia despropositada, já que essas obras nos ajudam precisamente a iluminar o debate inclusive sobre temas feministas, ignoram-se aspectos literários importantes e primorosos propostos por autores como esses, como estética, linguagem, estrutura de texto. Selecionar as personagens femininas foi uma opção não por concessão, mas porque elas são personagens que representam o que há de melhor na literatura. Por acaso, são mulheres.
– Seria um problema se o livro fosse lido como feminista?
– Não. O livro, uma vez publicado, encontra leituras muito íntimas. É um processo de liberdade, esse da interpretação. Cada leitor vai contribuir como pode, como quer. Se o viés feminista for identificado no livro, acho ótimo.
– Essa é a sua estreia na não ficção. E esse novo projeto nasce depois de “Sorte”, romance que conquistou o terceiro lugar no prêmio Oceanos”, e “Mapas para desaparecer”, livro finalista do Jabuti de 2021, além de outras obras que conquistaram os leitores. O que a levou a investir na não ficção? E quais são suas expectativas e projetos nesse “novo caminho” que agora começa a ser trilhado?
– A não ficção é um campo curioso. Eu acho que tudo que escrevemos parte de memória e a memória não é confiável. Ela precisa ser elaborada através de incertezas, imprecisões, lacunas preenchidas com ambiguidades. Esse livro, ainda que não seja um livro de ficção como um romance ou um livro de contos, parte completamente de um lugar de afeto e de extrema liberdade. Não é ficção nesse sentido de criar uma história, mas também não deixa de ser a minha relação com um autor que estudo, mas que proponho interpretar. Eu também gosto muito de escrever ensaios. Ensaios mesmo, no formato acadêmico ou para publicações literárias. Isso acontece porque eu gosto muito de ler ensaios. Muito. Portanto, é um gênero que eu gosto de desenvolver e penso que o “Shakespearianas” terá um segundo volume, já que muitas personagens ficaram de fora. Gostaria de trazer esse mesmo formato de uma ensaística livre, com reflexões e impressões.
– Quais os aspectos que os leitores vão encontrar em Shakespeare que fazem relação com nossa sociedade atual?
– Shakespeare propõe temas que nos expõem como seres humanos. As nossas falhas e vergonhas e culpas estão todas lá. Misoginia, racismo, etarismo, preconceito religioso, violência familiar, estupro, questões de gênero, está tudo lá. É comovente como tudo isso está lá e está aqui hoje também.
– E o que você espera que “Shakesperianas” desperte nos leitores?
– O desejo, de forma resoluta, de pegar para si a leitura sem medos, sem receios. Que o leitor compreenda que Shakespeare é popular e que oferece interpretações comoventes, divertidas e profundas. Possivelmente o leitor vai se encontrar em alguma das peças.
“Shakespearianas”
Autora: Nara Vidal
Editora: Relicário, 200 páginas
Trecho da apresentação de “Shakespearianas”
Por Nara Vidal
Quais as personagens em Shakespeare mais motivam, comovem, instigam? Abro este livro partindo dessa indagação. A mulher na obra de Shakespeare é complexa, movimenta-se nas narrativas. Personagens femininas foram criadas pelo Bardo entre os séculos XVI e XVII, quando às mulheres não era permitido o trabalho de atriz.
Macbeth é um vilão. Lady Macbeth, também vilã? A transformação sofrida por Macbeth é fundamentalmente moral. Já Lady Macbeth vivencia nuances morais, psicológicas, de gênero, com um rico campo interpretativo e, por isso, é ao mesmo tempo raso e redutor categorizá-la como vilã.
Para encenarem “Noite de reis”, há uma teia bastante interessante. Quando Viola, que é irmã gêmea de Sebastian, acredita que o irmão naufragou, ela chega em Ilíria e se veste de homem. Esse “homem”, Cesário, apaixona-se por Orsino, que é apaixonado por Olivia e esta, por sua vez, se interessa perdidamente por Cesário que, de fato, é Viola. Certamente essa dinâmica trouxe desafios: homens que deveriam fazer papéis de mulheres, que fariam papéis de homens e que seriam finalmente desmascarados como mulheres, mas o tempo todo como homens.
E o que dizer de personagens como Julieta Capuleto, com sua sagacidade? A integridade e a inteligência de Cordélia? A ambição e a estratégia de Goneril e Regan? A assertividade, o inconformismo e a astúcia de Catarina? O erotismo e a liberdade de Cleópatra?
Personagens com diversas camadas são a proposta de Shakespeare para seu elenco feminino. Quase não há equivalência intelectual entre elas e seus pares masculinos. Se esses homens honraram a complexidade de performar cada uma ou se preferiram aderir ao estereótipo caricaturado, não sabemos.
Para Virginia Woolf e Harold Bloom, leitores apaixonados pelo Bardo, a questão feminina em Shakespeare precisa ser compreendida. Woolf e Bloom apontavam para um valor literário tão imenso que, a partir dele, poderíamos nos deter em questões do nosso maior interesse e da nossa mais profunda identificação. E, ao seguir essa linha de pensamento, afirmo: este não é um livro exatamente feminista. A dificuldade em categorizá-lo como tal é pela limitação que uma nomeação acarreta. Mas, basta uma leitura atenta para identificar a superioridade das personagens femininas nas obras shakespearianas – o que não significa que tenham sido descritas e representadas como mulheres de valores inabaláveis e bondade inquestionável.
A escolha do gênero feminino para apresentar essas reflexões tomou-me tempo e consideração. Não é difícil se deixar seduzir por interpretações com base psicológica em Shakespeare, histórias de mitos clássicos e de relações com a contemporaneidade. A base da trama é, na maioria das vezes, comum. Mas, a partir de um desenvolvimento complexo dos envolvidos nessa trama simples, é Shakespeare quem transforma uma briga de família por herança em um “Rei Lear”; uma desobediência e rebeldia de adolescência em “Romeu e Julieta”. Partir do princípio de que esses escritos são de cunho feminista reduz o interesse de um potencial leitor e mesmo as possibilidades interpretativas da obra, levando em conta o equívoco de muitos em considerar o feminismo como um problema feminino.
Este é, portanto, um livro livre de rótulos sobre algumas das personagens mais fascinantes da literatura à qual já tive acesso. Falar de Sycorax, das três bruxas, de Lady Macbeth, Cordélia, Regan, Goneril, Ofélia, Julieta, Viola, Catarina, Portia, Desdêmona, Lavínia, Tamora e Cleópatra não se limita a falar de mulheres. Minha proposta quase íntima percorre questões referentes a gênero, sociedade e política, e convoca leitoras e leitores a desbravar os universos dessas mulheres – todas profundas, todas ricas em interpretações, todas shakespearianas.
Nosso ponto de partida aqui é a personagem da peça shakespeariana em si. Minha análise sobre cada uma delas vai ao encontro da ideia de que se a escrita é livre, a leitura também deve ser. Desejo que esse recorte gere uma aproximação entre as personagens criadas por Shakespeare e os leitores que já estão familiarizados com suas obras, e, acima de tudo, com aqueles que têm algum receio de se aventurar em seu universo literário.